O trabalho tem como objetivo analisar os conflitos de valores e significados no reconhecimento e práticas de preservação, não somente do patrimônio cultural de Brasília-DF, no Brasil, mas também, da sua área de tutela do bem tombado, área de estudo desta pesquisa. Para dissecar melhor os problemas que se apresentam e ganham territorialidade com o tombamento, esta pesquisa examina os desencontros entre os anseios da comunidade, as sucessivas ações governamentais e o setor imobiliário frente às decisões. É nesse ponto que a pesquisa chegou à temática de interesses relacionados à questão urbana na área de tutela. É importante lembrar que a noção de espaço está relacionada às potencialidades que o indivíduo pode usufruir de sua relação com a estrutura social materializada e que este é construído dessa maneira. O espaço é resultado de trabalho e de produção, e na cidade a relação de construção é norteada pela interação entre poderes públicos-políticos e os valores de troca incorporados. A metodologia se deu por meio da pesquisa documental, de livros e de visitas à área pesquisada. Evidencia-se nessa trajetória tanto as dissonâncias no entendimento do sentido da preservação entre os agentes e os aspectos técnicos que definem a área de tutela, quanto às divergências entre os organismos de patrimônio e os programas de preservação. A contemplação de alguns bens e valores em detrimento de outros, resultaram em ressignificações da área de estudo. Fatores que, somados à falta de articulação entre o que é e para que serve a Geografia nas decisões sobre o quê e como preservar, vêm causando enfrentamentos que revelam formas de conflitos que ganham territorialidade. Conclui-se que a compreensão das nuances do patrimônio, da cultura, do ordenamento e das necessidades locais é fundamental para a efetiva gestão e caracterização do lugar do entorno do patrimônio na vida da cidade.