XVI CIGeo - Lisboa 2018, XVI Colóquio Ibérico Geografia / XVI Coloquio Iberico Geografia

Tamanho Fonte: 
EXPERIÊNCIAS MIGRATÓRIAS EM PEQUENOS ESPAÇOS INSULARES IBÉRICOS: O CASO DOS IMIGRANTES DAS ILHAS GRACIOSA (AÇORES) E EL HIERRO (CANÁRIAS)
Paulo Espínola, Fernanda Cravidão

Última alteração: 2018-05-29

Resumo


O mundo atual é profundamente globalizado, onde as migrações são um dos principais temas em discussão, associando-se não raramente (e de forma quase sempre errónea) a impactos menos positivos dos movimentos de refugiados. É neste contexto que pequenas ilhas tropicais e outros espaços insulares de reduzida dimensão, ligados politicamente a países desenvolvidos, revelaram a partir do inicio do novo século um assinalável acréscimo dos seus contingentes imigratórios, considerando a sua escala. Com efeito, assistiram à transição de um cenário migratório insular marcado predominantemente pela emigração, para uma nova realidade caracterizada pela preponderância da imigração, como são exemplos os arquipélagos dos Açores e das Canárias. A implementação de imigrantes estrangeiros nestes territórios atlânticos privilegiou primeiramente as ilhas de maiores dimensões, no entanto, na fase atual estende-se às restantes. É com este enquadramento que surge a presente comunicação, na qual se pretende concluir sobre as razões que estão subjacentes à vinda de imigrantes para as ilhas mais pequenas e os seus principais impactos territoriais. Optamos, assim, por analisar uma ilha periférica de cada arquipélago – Graciosa, nos Açores, e El Hierro, nas Canárias. Para tal, foi utilizado o inquérito aplicado entre novembro de 2013 e junho de 2014 à população imigrante estrangeira nas duas ilhas, no âmbito da nossa dissertação de doutoramento. Estamos perante territórios insulares com capacidade para atrair, sobretudo, população oriunda do continente americano, ligada a antigas regiões de acolhimento da emigração das ilhas e também a outros países com afinidades culturais, nomeadamente o idioma. Os resultados do trabalho de campo revelaram que para além de motivações de ordem económica é possível encontrar outras razões de ordem ambiental, associadas a um tipo de migração de reformados. De um modo geral, os imigrantes não se sentem vistos pelas sociedades insulares como uma ameaça real, uma vez que é relativamente fácil a sua integração. Além disso, reconhecem o seu contributo positivo para a economia local (aumento do mercado de consumo; oferta de serviços inovadores; a reabilitação do património habitacional insular, entre outros). Na realidade, este novo fenómeno de imigração insular pode ser uma oportunidade de desenvolvimento para ilhas com características regressivas no contexto regional. 

É obrigatório um registo no sistema para visualizar os documentos. Clique aqui para criar um registo.