Última alteração: 2018-10-21
Resumo
A relevância dos ambientes florestais para a prossecução de objetivos de educação ambiental, conservação e valorização patrimonial, utilização recreativa ou turística, apresenta-se como elemento indissociável da sociedade pós-moderna e da ruralidade pós-produtivista. Em Portugal, sobretudo na sequência dos efeitos devastadores dos incêndios florestais que ocorreram no período de junho a outubro de 2017, esta temática assume ainda uma maior visibilidade.
No contexto da investigação sobre as novas funções das paisagens florestais, emergem preocupações em áreas como, por exemplo, as invasões biológicas, a aprendizagem ou as experiências recreativas/turísticas de grande valor simbólico, o que faz das atividades de educação ambiental uma oportunidade para sensibilizar e envolver a sociedade nesse desígnio, em particular quando é possível acompanhar o renascimento de uma mancha florestal relevante após os efeitos de um grande incêndio florestal.
No caso da Mata do Sobral (espaço florestal integrado na Rede Natura 2000), no âmbito de uma candidatura ao POSEUR, fixaram-se como principais desafios, por um lado, detetar, controlar, erradicar e prevenir a flora exótica invasora e, por outro, definir ações de conservação e valorização do património florestal biótico, designadamente educação ambiental, de que resulta, para efeito desta comunicação, a apresentação dos resultados preliminares da investigação em curso.
Quanto à flora exótica invasora, a instalação de quatro áreas amostra (1x1 metro) permite acompanhar a germinação pós-incêndio, em áreas invadidas pelas espécies Acacia dealbata e Hakea sericea.
Em relação ao segundo domínio, considerando apenas a fase posterior ao referido incêndio, estão em curso no território ações como a instalação de uma rede planeada de geocaching, segundo um traçado que pode ser utilizado nas ações de educação ambiental a desenvolver no território, o que permitirá acompanhar a evolução da renovação da mata, com distintos públicos-alvo.
Os primeiros resultados indicam, quatro meses após a ocorrência de incêndio florestal, que se verificam os comportamentos conhecidos para estas espécies pirófitas. Desta forma, na área queimada de Acacia dealbata, verificou-se a ocorrência de 105 plântulas desta espécie, com altura média de 1 centímetro, alcançando 2,5 centímetros nos 15 dias seguintes. No caso da Hakea sericea verifica-se o mesmo: germinação de 84 plântulas, com altura média de 0,4 centímetros, triplicando em 15 dias (1,2 centímetros).