XVI CIGeo - Lisboa 2018, XVI Colóquio Ibérico Geografia / XVI Coloquio Iberico Geografia

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MODERNIZAÇÃO E RELAÇÕES DE TRABALHO NA CANAVICULTURA NO LESTE DE ALAGOAS-BRASIL
Paul Clívilan Santos Firmino, Ricardo de Holanda Leão

Última alteração: 2018-06-15

Resumo


As derradeiras décadas do século XX têm sido marcadas por um intenso processo de modernização, tendo por base a técnica, ciência e informação, constituindo o meio técnico-científico informacional (SANTOS, [1994] 2008), presente não somente no mundo urbano como também no rural. Neste último caso o processo de modernização aparece de forma mais voraz, com expulsão dos pequenos e médios produtos e trabalhadores, ou submetendo os mesmos aos ditames do grande capital, que se instala substituindo a mão de obra e formas tradicionais, por maquinários, produtos químicos diversos e profissionais mais qualificados, criando novas relações de trabalho e sucumbindo outras. Destarte, faz-se necessário analisar e discutir as relações de trabalho na lavoura canavieira de Alagoas-Brasil frente à modernização técnico-científica (atrelam-se apoios governamentais como do Instituto do Açúcar e do Álcool/IAA). A discussão de algumas categorias é imprescindível: cana-de-açúcar, formação e desenvolvimento de Alagoas – Andrade (2010), Carvalho (2009), Diégues Jr. (2006), Lima (1965), Lima (2006); modernização técnico-científica, inovações – Castillo e Frederico (2010), Elias (2015), Freitas (2016), Lencioni (2015), Rossini (2016); agroindústria canavieira, relações de trabalho, desenvolvimento econômico – Andrade Neto (1984 e 1990), Freitas [et al.] (2014), Marx (2014), Rossini (2002 e 2012), Rubin (1987), Thomaz Jr. (2002); técnica, meio técnico-científico informacional, globalização e novas dinâmicas territoriais – Carvalho (2012), Frederico (2011), Elias (2005) e Santos (2008). Alagoas apresenta a 8ª maior mesorregião canavieira do Brasil em hectares cultivados e a 1ª do Nordeste – Leste Alagoano (SAMPAIO, 2015), mostrando a importância da mesma para o país. Assim, a modernização e relações de trabalho estão bastante visíveis no recorte espacial analisando, visto que, o processo produtivo está cada vez mais verticalizado: inovações tecnológicas no preparo do solo, plantação, adubação, irrigação, colheita e processamento dos produtos finais, assim como melhorias na logística dos transportes da cana e seus derivados, bem como a expansão da cana-de-açúcar para áreas não tradicionais – Agreste Alagoano. Essas mudanças são essenciais para colocar Alagoas em competitividade frente a outros estados, a exemplo de São Paulo. Dentre os grupos alagoanos destacam-se: Coruripe, maior produtor de açúcar e álcool do Norte/Nordeste, contando com quatro unidades agroindustriais no Triângulo Mineiro (Iturama, Campo Florido, Limeira do Oeste e Carneirinho) (SAMPAIO, 2015); Usina Caeté com produção de açúcar cristal superior; e Usina Leão que exporta mel rico invertido para os EUA. Entretanto, precisa-se apontar as contradições no mundo do trabalho ocasionadas por estas inovações: massas de desempregados e subempregados (principalmente para os menos qualificados), diminuição no valor médio do salário, entre outros. Então, parece que “a tecnologia deixa de ser um instrumento de apoio ao trabalho do homem, tornando-se o homem, esse sim, auxiliar em relação ao serviço da máquina” (SAMPAIO, 2011, p. 19). Portanto, para reverte esse quadro é preciso, além de integrar a agroindústria canavieira com empreendimentos de grande porte, pensar estratégias que absorvam maior força de trabalho atrelada às modernizações de fins do século XX, visto que a cana continua sendo a atividade mais lucrativa.

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