Última alteração: 2018-07-27
Resumo
Este artigo ambiciona discutir o uso político-partidário das toponímias no município fluminense de Nilópolis. A cidade em questão, componente da Região Metropolitana do Rio de Janeiro e conhecida na escala nacional e internacional por sediar a Escola de Samba Beija Flor de Nilópolis, presencia um intenso processo de modificações de nomes de equipamentos públicos pautados por interferências políticas. Atualmente, dois grupos políticos são os responsáveis por essas alterações toponímicas: os Abraão-Sessim e os Calazans. Para analisar esse processo, selecionamos alguns equipamentos públicos enfatizando aqueles que possuem nomenclaturas associadas aos grupos políticos atuantes. Essa seleção apontou que no referido município existem duas praças públicas, quatro espaços educacionais, duas ruas e quatro fixos de saúde com nomes de familiares desses grupos políticos. Tal fato demonstra que no contexto nilopolitano os agentes públicos privatizam simbolicamente tais espaços por meio do seu poder de nomeá-los. Com efeito, a base teórico-conceitual utilizada para o processo em tela compreende a análise das categorias de território, das toponímias e de poder, pois a territorialização, mesmo quando simbólica como é o caso em questão, indica as relações de poder existentes no espaço. Nesse sentido, o poder de nomear demarca para “os de fora” a força local de determinado grupo e, também, ratifica para a população local a vitalidade desse poder. Dessa forma, as toponímias nilopolitanas exemplificam a microfísica do poder, pois ao mesmo tempo em que expressam um poder político, servem igualmente para reforçar esse poder sobre os indivíduos.