XVI CIGeo - Lisboa 2018, XVI Colóquio Ibérico Geografia / XVI Coloquio Iberico Geografia

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A esfera pública e as rádios comunitárias como forma de participação política democrática
Tatiana Lemos dos Santos Borges

Última alteração: 2018-06-07

Resumo


Este trabalho objetiva aprofundar a discussão da esfera pública habermasiana como forma de dinamização de espaços políticos. Utiliza-se as rádios comunitárias brasileiras como objeto de estudo e análise justamente por possuir um caráter voltado para política local e historicamente ter surgido de debates pela democratização e acesso à comunicação.

Para Habermas (1984) a esfera pública que surgiu com o Estado moderno é “uma esfera de deliberação e de decisão pública sobre a condução e administração de todos os processos necessários à reprodução da sociedade”, a esfera pública representa a complexificação das sociedades modernas e formas de resolução de conflitos entre indivíduos iguais, perante o Estado, mas diferentes enquanto suas condições sociais.

Para Barnett (2003) as práticas midiáticas rearticularam os espaços do público e da ação privada, entendendo a disponibilidade dos atores e eventos em novos contextos e locais. “As novas formas da vida social são caracterizadas pela localização simultânea da interação social em novos espaços regulados pela esfera doméstica e acompanhando o imperativo para novas formas de contato” (BARNETT, 2003, p. 35)

Portanto, assume-se que as mídias, principalmente a radiodifusão, o primeiro meio de comunicação de massa a se disseminar no mundo, são responsáveis por uma mudança na vida social e política, pois eles rearticulam os dois reinos da vida social, neste sentido podemos compreender que o “[...] significado histórico da radiodifusão na remodelação dos significados da vida pública decorre de sua espacialidade distintiva e de uma temporalidade. A radiodifusão cria as possibilidades de estar em dois lugares ao mesmo tempo”. (BARNETT, 2003, p.44).

Para Leal (2007) A rádio livre é o termo utilizado na Europa para colocar em destaque um espaço de liberdade da palavra fora das estruturas do Estado e da iniciativa privada comercial. As radcom tiveram origem no movimento de rádios livres surgido na Europa e nos E.U.A na década de 1970, importantes para a consolidação e institucionalização das rádios comunitárias.

Após período de manifestações e funcionamento ilegal, as radcom foram autorizadas a funcionar no Brasil em 1998. Com a regulamentação, essas rádios passaram a possuir um limite de1 km de raio e uma programação voltada para a divulgação da cultura do local em que estão instaladas e os debates de problemas comuns, enfatizando mais uma vez a importância do espaço para a comunicação.

Por fim, essas rádios possuem um potencial diferenciado na mobilização política e na dinamização dos debates locais, visando trabalhar empiricamente com esses dados, propõe-se a análise de rádio comunitária localizada no município de Varre Sai, interior do estado do Rio de Janeiro, onde foram trabalhadas capilaridade – efetivamente são reconhecidas -, participação e pluralidade – se o discurso transmitido pelas mesmas transmite a diversidade.

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