Como espaços da diferença – e, de certa forma, como um produto dessa diferença -, as cidades foram palcos históricos de disputas e de lutas (HARVEY, 2014), expressão das lutas de classes e das próprias desigualdades sociais nelas contidas, sendo o espaço um elemento e dimensão pela qual tais disputas e lutas se realizam e se expressam. Dessa forma, o presente artigo tem como objetivo analisar como os espaços urbanos podem se transformar e são utilizados como espaços de contestação pelos movimentos políticos urbanos. Tomaremos como caso de estudo as mudanças empreendidas na cidade pelas políticas urbanas, na esteira do processo de urbanização, que podem, de forma adversa aos interesses pretendidos, criar condições para a emergência de movimentos de contestação oriundos dos problemas sociais – e urbanos – suscitados ou incorporados a essas ações. O nosso objeto de estudo é o espaço de ruas e praças apropriados politicamente e transformados em instrumentos políticos de contestação, constituindo, assim, um tipo de espaço político (CASTRO, 2016). Nesse sentido, considerando o contexto de tensão e conjuntura social e política ao qual estão situados, as intervenções urbanas realizadas, podem incidir a uma deflagração do conflitos urbanos tanto ao produzir e intensificar os problemas sociais urbanos quanto propiciar – mesmo que de forma involuntária - espaços de contestação nas cidades. Sendo assim, em determinados momentos, as cidades podem se tornar rebeldes diante da forma ao qual são organizadas e (re)produzidas. Diante disso, consideramos que o próprio espaço da cidade se constitui como um lugar privilegiado à atuação dos movimentos políticos, sendo o espaço urbano o meio e o recurso à própria mobilização e luta dos grupos que formam estes movimentos.

Palavras-chave: manifestações políticas, espaço politico, espaço de contestação, política urbana

Bibliografia:

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