XVI CIGeo - Lisboa 2018, XVI Colóquio Ibérico Geografia / XVI Coloquio Iberico Geografia

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Alterações climáticas e fogos: Desafios para as áreas de baixa densidade
Ana Viegas Firmino

Última alteração: 2018-06-06

Resumo


As alterações climáticas são um tema recorrente (Santos, 2001) se bem que nem sempre pareça haver uma tomada de consciência, por parte da sociedade, para as consequências que acarretam. Partindo do caso concreto da Pampilhosa da Serra, onde nos anos setenta do século passado existia um anel de medronheiros em redor das aldeias, testemunhando um conhecimento empírico por parte das populações, de como se proteger dos fogos, este estudo discute a validade de algumas medidas, nomeadamente as constantes da Agenda XXI do Município e as recomendações do ICNF (2016) em favor da diversificação da floresta com base em espécies autóctones que, se implantadas, poderão não só retomar esta medida de proteção, como também induzir atividades dinamizadoras da economia local.

A componente teórica assenta nas simulações para o período de 2080-100, em que se preveem aumentos significativos da temperatura se o Dióxido de Carbono não diminuir (Kovats et al, 2014) e em alguns trabalhos recentes (Benito Garzón, 2008) que alertam para alterações no coberto vegetal.

Para um melhor conhecimento da realidade da Pampilhosa da Serra, concelho montanhoso do centro do país, densamente florestado e duramente fustigado pelos incêndios de 2017, procedeu-se à auscultação da população de 3 aldeias através de inquéritos (Aldeias Fundeira, do Meio e Cimeira) onde desenvolvemos uma campanha de apoio às vítimas dos incêndios, distribuindo árvores de fruto. Outros dos nossos interlocutores foram elementos da Câmara Municipal e da Junta de Freguesia.

A informação recolhida, nomeadamente bibliográfica e estatística, permite-nos concluir tratar-se dum concelho bastante envelhecido, em que apesar dos esforços desenvolvidos não tem sido possível atrair população jovem, salvo pontualmente durante os períodos de férias, mas que apresenta um enorme potencial, como sejam as atividades relacionadas com o cluster da floresta, agricultura social e produtos alimentares de qualidade que, em conjunto com projetos turísticos e de Natureza, poderão trazer um sopro de inovação e dinamismo a áreas que, de outra forma,  estarão mais do que nunca suscetíveis aos fogos e ao abandono.

Referências Bibliográficas

Benito Garzón, Marta; Sánchez de Dios, Rut; Sainz Ollero, Helios (2008) Effects of  climate change on the distribution of Iberian tree species, Applied Vegetation Science, doi: 10.3170/2008-7-1834, Uppsala, Opulus Press.

ICNF [Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas]  (2016) Espécies Arbóreas Indígenas em Portugal, Continente – Guia de Utilização, ICNF, Lisboa.

Kovats, R.S., R et al (2014) Europe. In: Climate Change 2014: Impacts, Adaptation, and Vulnerability. Part B: Regional Aspects. Contribution of Working Group II to the Fifth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change [Barros, V.R., et al (eds.)]. Cambridge University Press, Cambridge, United Kingdom and New York, NY, USA, pp. 1267-1326.

Poggi, F., Firmino, A. and Amado, M. (2015): Moving forward on Sustainable Energy Transitions: The Smart Rural Model. European Journal of Sustainable Development, 4(2): 43-50.

Santos, F. D. (ed.) (2001): SIAM [Climate Change in Portugal: Scenarios, Impacts, and Adaptation Measures]. Lisboa: Gradiva.

 


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