XVI CIGeo - Lisboa 2018, XVI Colóquio Ibérico Geografia / XVI Coloquio Iberico Geografia

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ESPERANÇA DE VIDA DOS LUGARES NO PINHAL INTERIOR SUL
Nuno Pires Soares, Fernando Martins, Rui Pedro Juliao, Daniel Nascimento, Miguel Silva

Última alteração: 2018-06-06

Resumo


Nas áreas rurais do interior de Portugal continental, um número considerável de lugares têm vindo a registar sucessivos decréscimos da sua população residente. O fenómeno não é novo e as suas causas são conhecidas. Ao longo do século XX, os diferentes ritmos de emigração, tanto para as Américas como para a Europa (pós-guerra) e para África (anos 60) deixaram marcas profundas na sociedade portuguesa. Inúmeros foram os lugares que assistiram à partida de homens e mulheres em idade ativa, fugindo da fome, da miséria, da guerra, ou buscando o emprego e o sustento que lhes faltava bem como o sonho de uma vida melhor para si e para os filhos… Os que não puderam ou não quiseram paragens mais longínquas migraram em direção aos grandes centros urbanos ou mesmo às sedes de concelho, onde se concentram as actividades económicas (emprego) e os serviços públicos, nomeadamente os de cuidados primários de saúde e de ensino (MARTINS, 2011).

Esta saída de residentes, associada a elevadas taxas de mortalidade e baixas taxas de natalidade, num quadro de progressivo envelhecimento da população, têm originado decréscimos significativos no número de habitantes em muitos lugares, sobretudo nos de menor dimensão. Alguns, inclusive, já se extinguiram.

Tendo por base os dados do Instituto Nacional de Estatística analisámos o comportamento da população residente durante um século (1911-2011), lugar a lugar, em cinco municípios do interior centro (ex- NUT III Pinhal Interior Sul), para aferir o seu tempo de vida espectável. Ou, se preferirmos, a sua “esperança de vida”, conceito usualmente aplicado para “determinar o número aproximado de anos que um determinado grupo de indivíduos nascidos num mesmo ano irá viver, se mantidas as mesmas condições desde o seu nascimento” (INE).

A adaptação deste conceito para a situação particular dos lugares suscita diversas questões: a) Qual será qual o número aproximado de anos de vida que um lugar terá se as condições demográficas se mantiverem? b) E poderemos estimar o número de gerações em cada lugar até ele deixar de ter residentes? c) E qual o melhor método para fazer essa estimativa?

A resposta a estas questões dependerá naturalmente das variáveis e dos pressupostos incluídos no modelo adotado. Considerando sempre que a(s) tendência(s) demográfica(s) da(s) última(s) década(s) se manterão, o que é, claramente, uma simplificação e uma generalização conceptual. O que aqui apresentamos é uma análise do comportamento da população por lugar, em cinco municípios, a partir de representações gráficas da sua “esperança de vida”, numa leitura prospetiva de identificação de padrões de comportamento espacial. Uma parte importante deste trabalho incide na criação de cenários para as próximas décadas, aspeto essencial para compreender a grave situação de decréscimo populacional de extensas áreas do interior do País e se poder agir.



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