A Geografia da Saúde se notabilizou pela procura por metodologias que abrangessem a saúde e as dinâmicas ocorridas no território. Num primeiro momento, o termo saúde era ligado à doença, porém novos estudos o caracterizam também como bem-estar social, já que a saúde não pode ser entendida como ausência de doenças, e sim com a qualidade de vida da população diretamente relacionada ao ambiente em que está inserido. Segundo estatísticas da Organização Mundial de Saúde (OMS), no Estado de Mato Grosso do Sul foram contabilizados 8,1 casos de suicídio para cada 100 mil habitantes, entre 2006 e 2010, quase o dobro da média nacional, que é de 4,8 casos. Neste sentido, o presente trabalho teve como objetivo analisar a ocorrência de suicídios e tentativas nos municípios de Aquidauana e Anastácio - MS, no período de 2007 a 2016, visando contribuir com políticas públicas de prevenção. Para tanto, investigou-se o contexto geográfico desse fenômeno coletivo em ambos os municípios, com a perspectiva de traçar um perfil sociodemográfico (gênero, faixa etária, estado conjugal, ocupação habitual, escolaridade, local de residência e ocorrência, data e horário de ocorrência do fato, condições e causas do óbito e/ou tentativa) das pessoas que cometeram, ou tentaram suicídio, a partir de  coleta de dados em órgãos oficiais. Percebeu-se que o suicídio é um acontecimento complexo e multifatorial, porém constata-se que existem fatores ambientais e conjunturais que são determinantes para a reprodução dessas ocorrências. Aspectos socioeconômicos, tais como, pouca escolaridade e ocupação habitual de baixa qualificação foram constatadas no perfil sociodemográfico dos casos de suicídios consumados. Em relação aos casos de tentativas de suicídio, há poucos dados disponíveis evidenciando grave situação de subnotificação. Assim, espera-se a ampliação do debate sobre o assunto suicídio nesses municípios, o que de certa forma já está ocorrendo através das palestras e simpósios realizados. Além disso, o desenvolvimento de ações voltadas para a prevenção e tratamento precoce de transtornos mentais pode contribuir positivamente na redução de casos de suicídio nesses dois municípios, bem como para o aperfeiçoamento de políticas de saúde pública para prevenção e minimização de incidências de suicídios nos municípios pesquisados.