O comércio tem apresentado uma importante representatividade para dinâmica sócioespacial das cidades, muitas vezes, formatando diversas centralidades intraurbanas que estabelecem relação, também com um território mais ampliado, sobretudo de natureza urbanorregional. Essa leitura condiz com a realidade verificada na cidade do Natal, capital do Rio Grande do Norte, que na condição de cidade terciária, dada a expressão dessa atividade em seu contexto urbano, detém espaços muito fortemente apropriados pela atividade comercial, destacadamente a partir da década de 1980 quando se verifica uma descentralização espacial dessa atividade. Dentre as novas áreas que podem ser chamadas de novas centralidades de natureza comercial, Natal abriga um espaço caracteristicamente turístico que congrega uma série de práticas sociais amparadas na atividade comercial. De comércios estabelecidos formalmente em espaços físicos a comércios ambulantes e ilegais, o espaço de interesse da atividade turística é diuturnamente impactado por essa atividade. Planejados intencionalmente para uso e apropriação do turismo, desde a década de 1980, com a implementação de políticas públicas de turismo, alguns espaços urbanos de Natal, sobretudo, na área de influência do bairro de Ponta Negra têm apresentado uma dinâmica com forte repercussão de práticas sociais amparadas na atividade comercial. O entendimento é de que ao se apropriar desses espaços, a atividade turística recria as condições necessárias à sua produção e reprodução, por intermédio dos diversos agentes do turismo (empresários, proprietários de terra, turistas etc) (RODRIGUES, 1996). Em consequência, ao recriar as condições do processo de reprodução do espaço, o turismo mostra seu potencial marcante para a transformação dos lugares. É tomando como referência tal contexto que se busca, com o presente estudo, fazer uma análise da dinâmica comercial na centralidade urbana de natureza turística na cidade do Natal, com destaque para o bairro de Ponta Negra, por ser esse espaço o mais densamente utilizado pelo turismo. O estudo apoia-se em um referencial teórico direcionado para a discussão sobre turismo, comércio, consumo e produção do espaço urbano. Ademais, é complementado com resultados obtidos por meio de informações secundárias fornecidas por órgãos oficiais e registros de pesquisas de campo. Nessa perspectiva compreende-se o comércio em uma lógica maior que se ampara no uso dos espaços pela atividade turística dando forma, conteúdo e identidade ao espaço urbano cidade do Natal.