XVI CIGeo - Lisboa 2018, XVI Colóquio Ibérico Geografia / XVI Coloquio Iberico Geografia

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GOA E AS PRAÇAS DO NORTE NO CONTEXTO DA GEOGRAFIA TROPICAL PORTUGUESA (1945-1975)
Alfredo Miguel Graça

Última alteração: 2018-06-06

Resumo


Objetivo: Mostrar o contributo da Geografia Tropical Portuguesa (1945-1975) no relacionamento entre os Portugueses e as gentes de Goa, Damão e Diu através das marcas de Civilização, de Natureza e dos Valores das Relações (“Eros”).

Metodologia: Recurso a cartografia geográfica dos vários autores portugueses - os modelos - que estavam em missão ultramarina promovida pelo Centro de Estudos Geográficos entre 1945-1975, e tendo como objeto a História da Geografia, analisamos a importância de Goa, Damão e Diu, como alicerces fundamentais do ponto de vista geopolítico e geoestratégico na fixação política, económica e cultural dos Portugueses no Oriente na época dos Descobrimentos. Compreender como, à luz da época, estes três territórios ainda mantinham os seus valores, refletidos na paisagem territorial e geográfica de Goa e as Praças do Norte em marcas civilizacionais, naturais e interpessoais.

Resultados: Relativamente à Civilização, Portugal procurou, através da catalogação e reconhecimento dos seus territórios ultramarinos, assimilar os processos de ‘descoberta’, ‘comércio’ e ‘ocupação’ ainda presentes.

Relativamente à Natureza, procurou compreender-se de que forma os recursos endógenos estariam relacionados com a forma como os locais faziam uso da floresta, das plantas e dos animais para a sua subsistência3.

No que toca aos Valores de Relação, procurou compreender-se, de que forma é que aspetos sociais e antropogénicos, como a miscigenação, a assimilação e a segregação se mantinham, desde a época dos Descobrimentos até à epóca compreendida entre 1945-1975. Quanto à miscigenação, este processo de pesquisa beneficiou das relações interpessoais entre locais e colonizadores, séculos antes, que se mostraram sob a forma de comércio e de reprodução sexual. A assimilação, manifesta-se pela expressão cultural sendo que a sua representação ganha contornos sob a forma de estruturas físicas – como portos e igrejas – que foram construídos com o objetivo de evangelizar e comercializar os produtos que estes territórios ultramarinos possuíam. Quanto à segregação, procurou compreender-se como ocorreu a reprodução sexual entre portugueses e locais já que, espacialmente, tal traduziu-se num certo sentimento de injustiça para com os locais que, por serem, quase todos, negros e mestiços, sentiram-se maltratados, excluídos e humilhados, acentuado pela condição de serem escravos.

Conclusões: O presente estudo contribuiu para a compreensão da relação humana entre os portugueses e as gentes de Goa, Damão e Diu, que se tornou mais evidente devido aos trabalhos produzidos pela equipa de Geógrafos liderados por Orlando Ribeiro entre 1945-1975. Ao fazermos um paralelo com as representações cartográficas publicadas nessa época, percebemos que havia interesse, por parte de Portugal, em representar estes territórios para mostrar que o país detinha poder, estruturando-o e defendendo os seus valores.

Palavras-Chave: Goa, Damão, Diu, Geografia Tropical Portuguesa

 

Referências bibliográficas:

1-     Ribeiro, Orlando. (1963). Die Eigenart Goas Erdkunde (Archiv für Wissenschaftliche Geographie, Bona) XVII (1-2), p. 39-47.

2-     Brito, Raquel Soeiro de (1966). Goa e as Praças do Norte. Lisboa: Junta de Investigações do Ultramar.

3-      Feio, Mariano. (1956). Problemas de Geomorfologia de Goa in Garcia de Orta número especial, p. 39-78.


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