XVI CIGeo - Lisboa 2018, XVI Colóquio Ibérico Geografia / XVI Coloquio Iberico Geografia

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ECONOMIA DA NOITE E REGENERAÇÃO URBANA EM LISBOA
Teresa Alves, Graça Moreira

Última alteração: 2018-06-12

Resumo


Resumo: Esta comunicação tem como objetivo perceber em que medida o desenvolvimento de serviços relacionados com os tempos livres à noite está a contribuir para o processo de regeneração urbana em Lisboa. Para tal iremos procurar explicar em que circunstâncias a economia da noite antecede o processo de regeneração urbana e de que modo pode contribuir para a sua consolidação. A investigação sobre a economia da noite demonstra que parte muito significativa das atividades que se desenrolam neste período de tempo, é constituída por serviços relacionados com o tempo livre que fazem a ligação entre economia do divertimento e o sector agroalimentar, como os restaurantes e os bares, e as atividades que articulam a economia do espetáculo com o enriquecimento cultural como o teatro, o cinema e toda uma variedade de espetáculos musicais (Alves 2007; Alves 2010). O caso de estudo é a freguesia de Marvila entre a linha do caminho de ferro e o Tejo. As principais caraterísticas deste território são a existência de espaços vazios, antigas unidades industriais e armazéns que as mudanças da economia tornaram obsoletos e hoje são objeto de operações de especulação imobiliária, e a persistência de pátios e vilas operárias. Os pátios e vilas continuam a ser local de residência de uma população idosa que face às mudanças que se perspetivam há mais de duas décadas, continuam à espera, sem abandonarem o local, pois não têm para onde ir (Silva 2013). Em 2007, com a instalação de duas livrarias no edifício da antiga sede da fábrica de material de guerra teve um início um projeto cultural que foi pioneiro na utilização de edifícios obsoletos que ganham novas funções. Nos últimos anos, os espaços degradados, expectantes, adquiriram nova vida com restaurantes, bares, fábricas de cerveja artesanal, galerias de arte, espaços de cowork e de desporto indoor, empresas de publicidade, de produção de audiovisuais e de consultoria técnica. Uma parte muito significativa destas atividades têm o seu momento alto à noite criando dinâmicas novas que se articulam com espetáculos de música e outros eventos culturais. Ao teatro Meridional, à Fábrica de Braço de Prata juntam-se os East Lisbon Afters que com a promoção de concertos animam culturalmente a noite desta parte oriental de Lisboa. O sucesso é tanto maior quanto mais underground e mais avant-garde forem os dispositivos que enquadram estas atividades. Para tal contribui o facto de o processo de “reciclagem” dos espaços envolver pouco investimento e muita criatividade.

 

Palavras-chave: serviços; cultura, regeneração; recomposição social; Marvila

 

bibliografia

Alves, T. (2007). A noite, a cidade e a geografia das atividades económicas in Geophilia: o sentir e os sentidos da Geografia. Homenagem a Jorge Gaspar. CEG, Lisboa.

Alves T (2010) Geografia da Noite. CEG, Lisboa.

Silva, Maria Margarida de Almeida Reis e (2013) Pátios e vilas da Zona Ribeirinha Oriental: materialidade, memória e recuperação urbana. ISCTE-IUL, Lisboa.


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