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No contexto contemporâneo, o interesse pela paisagem, tomado em seu sentido mais amplo, vem crescendo consideravelmente. Observa-se uma ampliação de debates e ações que tematizam a paisagem enquanto um direito social, expressão das identidades e como um recurso político, social e econômico. Questões observadas, por exemplo, na Convenção Europeia da Paisagem, no movimento de ampliação de práticas patrimoniais e na formulação de planos de gestão territorial diversos. Além desses novos aparatos institucionais, também observa-se o surgimento de movimentos urbanos de reivindicação que tem mobilizado a ideia de paisagem como fundamento de seus questionamentos. Nesse contexto, apresentamos como objetivo desse artigo analisar como a paisagem tem se constituído enquanto elemento do discurso e da ação política de grupos sociais contestatórios. Em outros termos, buscaremos analisar de que forma algumas paisagens são mobilizadas por movimentos de contestação como fundamento de seus questionamentos, aproximando o debate paisagístico da pauta da justiça social e da cidadania. Tais questões serão problematizadas a partir da observação de dois casos específicos: o Ocupe Estelita, na cidade do Recife (Brasil), movimento criado em oposição à construção de grandes torres em terreno vizinho ao sítio histórico e outros espaços patrimoniais da cidade; a disputa relacionado à construção da torre Sevilla, ao lado do centro histórico de Sevilla (Espanha). No artigo, buscaremos problematizar de que forma as mobilizações a partir da paisagem construídas por esses grupos tem possibilitado a emergência da demanda por um direito à paisagem e colocam em evidência a ideia de cidadania paisagística. A partir desses conceitos, buscaremos considerar a paisagem como uma prática política e instrumento de reinvidicação de grupos que demandam participação na comunidade política, investigando as questões políticas inerentes à sua apropriação e utilização no contexto social.