XVI CIGeo - Lisboa 2018, XVI Colóquio Ibérico Geografia / XVI Coloquio Iberico Geografia

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PATRIMÔNIOS PORTUGUESES NO ALÉM-MAR: RAZÕES DO PATRIMÔNIO A PARTIR DA LISTA DO PATRIMÔNIO MUNDIAL
Dirceu Cadena de Melo Filho

Última alteração: 2018-05-29

Resumo


Os países ibéricos tiveram papel de vanguarda na ocupação de novos territórios fora da Europa. Majoritariamente na África, mas também nas Américas e na Ásia, a presença de portugueses e espanhóis deixou marcas significativas nos novos territórios. Após os processos de descolonização, os novos territórios africanos tiveram que lidar com o dilema de preservar ou apagar as formas de outro período. De que forma os vestígios do período colonial foram preservados pelas ex-colônias? Quais razões do patrimônio podem ser identificadas através da proteção de bens de origem ibérica nos territórios africanos? Como os territórios africanos exerceram um papel ativo na construção dos discursos que fundamentam as candidaturas?

A partir dessas questões, o presente trabalho tem como objetivo compreender como o patrimônio mundial foi utilizado como um recurso político pelos governos dos países africanos. Será visto que a busca por uma organização e estruturação do território nacional exerceu um papel fundamental para a inscrição de bens de origem portuguesa na Lista do Patrimônio Mundial, pautados nos seguintes temas: adequação aos parâmetros de desenvolvimento político dos países ocidentais, aumento de receito no setor do turismo nacional e internacional, ampliação da importância geopolítica do país em escala global e regional, e busca por investimentos externos através de programas de cooperação internacional.

O trabalho parte da compreensão de que os novos marcos conceituais e práticos do patrimônio permitem identificar razões que justificam sua utilização para além da preservação do passado. O patrimônio, nessa nova perspectiva, se transforma em um recurso político passível de utilização por atores atuantes em escalas variadas. No presente texto, será dado destaque a utilização do patrimônio mundial de origem portuguesa na África por atores com atuação limitada às escalas nacionais e globais. O recorte utilizado permite um maior aprofundamento na análise, já que estes territórios possuem quatros bens inscritos na Lista do Patrimônio Mundial e expressam contextos territoriais distintos. As fontes utilizadas para o desenvolvido da pesquisa são os dossiês de inscrição na Lista do Patrimônio Mundial, os documentos de avalição do ICOMOS e IUCN de cada candidatura e um levantamento das legislações nacionais pertinentes para o estudo.

O texto completo está estruturado da seguinte forma: Inicialmente será debatido o que chamo de razões do patrimônio, indicando que a definição proposta surge a partir de transformações conceituais e práticas no patrimônio, ampliando as possibilidades de estudos geográficos sobe o tema. Em segundo momento apresento as razões que justificaram as inscrições de bens africanos de origem portuguesa na Lista do Patrimônio Mundial a partir da indicando dos discursos e justificativas utilizadas nos processos de candidaturas. Por fim, procuro mostrar como os territórios do país foi utilizado para reforçar as inscrições dos bens a partir de uma compreensão do patrimônio como um recurso.


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