XVI CIGeo - Lisboa 2018, XVI Colóquio Ibérico Geografia / XVI Coloquio Iberico Geografia

Tamanho Fonte: 
A VISITA DE ESTUDO: (RE)DESCOBERTA E REFLEXÃO
Patricia Rego, Virgínia Henriques, João Chitamba

Última alteração: 2018-06-06

Resumo


O acompanhamento de trabalhos de Mestrado em Teoria e Desenvolvimento Curricular na temática da educação ambiental, desenvolvidos numa parceria entre a Universidade de Évora e o Instituto Superior de Educação da Huíla (Angola), permitiu identificar contextos escolares com escassez de meios, assentes num método de ensino/aprendizagem vincadamente teórico onde a visita de estudo (VE) se revelou um recurso didáctico acessível e de valor acrescido. Apresenta-se uma proposta de VE multidisciplinar (Geografia, Biologia, Química), destinada a alunos da 12ª classe (Escola de Menongue, Cuando Cubango) do Curso de Formação de Professores, o que reforça o interesse desta estratégia didáctica, nomeadamente na clarificação de conceitos e na articulação acessível entre a teoria e a prática, em resposta à questão de como os alunos aprendem Ciências utilizando este recurso didáctico (Pereira, 2004 e Marques 2007). Do ponto de vista empírico, foi aplicado um inquérito exploratório de diagnóstico acerca das representações de alunos e de professores daquelas disciplinas sobre o interesse da observação e do trabalho de campo no ensino das Ciências da Natureza. O inquérito aos docentes avaliou a prática da modalidade de aulas fora da sala, em particular a VE. O inquérito aos alunos avaliou os conhecimentos da área de Ciências da Natureza e registou ainda opiniões sobre visitas de estudo. Os resultados revelaram que professores e alunos valorizam as VE como complemento importante do ensino teórico mas com fraca implementação, devida a constrangimentos logísticos, financeiros e pedagógicos. O modelo de guião de VE que se apresenta pode permitir ultrapassar alguns destes constrangimentos valorizando o valor didáctico da riqueza ambiental próxima da Escola, de que é exemplo a envolvente do rio Cambumbe, onde num território acessível (percurso pedestre) se pode visitar uma unidade de produção agrícola com recurso a estufas, um polígono florestal e uma albufeira. Acresce o valor identitário que o rio assume junto da comunidade local. A elaboração do guião e a defesa deste trabalho permitiu a reflexão sobre a pertinência da VE na melhoria do ensino integrado das Ciências da Natureza, focando a sua importância na melhoria do ensino e da aprendizagem de conteúdos sócio económicos, naturais e ambientais, numa perspectiva voltada para o estímulo e para o desenvolvimento de capacidades e competências dos alunos. A aplicação deste recurso favorece ainda o envolvimento dos alunos no processo de observação inerente à correcta articulação entre os conhecimentos teóricos e a sua expressão em contexto real, mitigando insuficiências de um ensino mais teórico. Assume ainda valor demonstrativo, já que a estrutura do guião da VE, depois de validada, pode ser replicada a contextos equivalentes.

 

PALAVRAS-CHAVE: Visita de Estudo; Ensino teórico-prático; Valorização de recursos didácticos

PEREIRA, F. (2004). Concepções e práticas de futuros professores de Ciências da Natureza sobre o trabalho prático. Tese de mestrado inédita. Universidade do Minho, IEP, Braga.

MARQUES, S. (2007). As ciências na educação ambiental: contextos de comunicação. Tese de mestrado inédita. Universidade de Aveiro, SACSJP, Aveiro.


É obrigatório um registo no sistema para visualizar os documentos. Clique aqui para criar um registo.