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Os incêndios florestais são considerados um grave risco ambiental e social em Portugal. O ano de 2017 foi peculiar, devido à elevada extensão de área ardida, mas particularmente pelas perdas humanas e danos materiais que se sucederam. Neste contexto, torna-se crucial avaliar/antecipar o nível de exposição a incêndios das comunidades locais e os fatores de vulnerabilidade da sua população, com o intuito de mitigar o risco de incêndio em situações futuras.A freguesia de Alvares, localizada no concelho de Góis e na região do Pinhal Interior, foi significativamente afetada pelos incêndios de 2017, tendo ardido mais de 70% da sua área total, com elevados danos materiais. O presente estudo focou-se na avaliação da exposição a incêndios na freguesia, à escala local, a partir da identificação dos elementos ou recursos expostos, nomeadamente: i) população (exposição social); ii) edifícios e estradas (exposição física); iii) cobertura do solo/vegetação e áreas protegidas (exposição ambiental). Cada elemento foi ponderado tendo em conta a sua localização e densidade, à escala de 1 ha, e normalizados para uma escala relativa com base nos valores mínimos e máximos encontrados para a freguesia; no caso da exposição ambiental, o tempo potencial de recuperação da vegetação e a localização da Rede Natura foram integrados como fatores de ponderação. O valor final da exposição para cada célula resulta da agregação dos vários tipos de exposição (social, física e ambiental), combinado com a probabilidade de arder, sendo avaliada nas vertentes estrutural e dinâmica. A exposição estrutural integra a ocorrência histórica de incêndios na freguesia, calculando o número de vezes que cada unidade de área ardeu, entre 1980 e 2017. A exposição dinâmica é avaliada tendo em conta a probabilidade de arder calculada a partir de simulações de propagação de fogo, em diferentes cenários de ocupação do solo e condições meteorológicas. Neste caso, a exposição foi calculada para uma área de 55x55 km, com a freguesia de Alvares localizada no centro, assumindo a possibilidade de existirem pontos de ignição fora da freguesia. Os resultados preliminares mostram que as povoações localizadas na parte norte e este da freguesia estão mais expostas a incêndios, considerando ambas as vertentes estrutural e dinâmica.A avaliação dos fatores de vulnerabilidade da população demonstrou que dois terços das povoações da freguesia têm mais de 50% de população idosa (> 64 anos), proporção que aumenta nas povoações de menor dimensão. Estas características da população indicam a necessidade de ajustar as medidas de prevenção e mitigação de incêndios ao nível local, tendo em conta a capacidade de resposta da comunidade e os mecanismos de prevenção e proteção que esta pode implementar.