XVI CIGeo - Lisboa 2018, XVI Colóquio Ibérico Geografia / XVI Coloquio Iberico Geografia

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A INOVAÇÃO TECNOLÓGICA, UMA DAS VERTENTES DINAMIZADORA DA REGIÃO DEMARCADA DO DOUR=
Helena Pina

Última alteração: 2018-06-06

Resumo


Espaço privilegiado, a Região Demarcada do Douro (RDD) sobressai não só pelo cenário paisagístico excecional, mas também pelo seu património arquitetónico, cultural e social. Implantada em solo xistoso onde se multiplicam os socalcos vitícolas, desde a década de oitenta do século XX passou a ser encarada numa perspetiva multifuncional, conjugando-se a produção vitícola com a comercialização dos vinhos e o turismo. Todavia, aprofunda-se o abandono das explorações agrícolas, enquanto se acentua o declínio demográfico. Há que reverter esta situação. Para tal despontam novas apostas tendo como mentores jovens com formação, projetos que recuperam o património arquitetónico, mas também os vinhedos atendendo a preocupações ambientais. Assim sucede com o Projeto Da_Vide, coordenado por um jovem engenheiro que, fugindo ao stress citadino, percecionou uma acentuada poluição ambiental na RDD no período das podas, decorrente da combustão das vides, agora relegadas a desperdícios. Idealizou, então, uma otimização dos recursos endógenos onde a vinha, as questões ambientais e de eficiência energética, para além da vertente social e económica, fossem privilegiadas. Assim surgiu o projeto tendo por base o “Modelo de Produção Agrícola em Ciclo Aberto de Carbono” que transforma as vides em produtos de artesanato, madeira de fibras de vide, papel, cartão, produção de bioenergia e de combustíveis sólidos “inteligentes” ou artigos com comportamento físico equivalente à cortiça. É, pois, possível a criação de edifícios ecológicos, enquanto se aposta numa bioeconomia, numa economia circular. Outra aposta distinta é a decorrente da Sysadvance. Empresa que iniciou as suas funções em 2002 como spin off de uma I&D universitária, na atualidade produz equipamentos de separação e purificação de gases, em soluções integradas, abrangendo diversas áreas: química, farmacêutica, metalomecânica, alimentar, vitícola e energia. Baseia-se em recursos humanos altamente especializados, na inovação tecnológica e na qualidade. Uma das apostas corresponde à purificação de biogás, obtido a partir de desperdícios alimentares ou de resíduos agrícolas como as vides que, depois de degradados em biodigestores, são purificados aumentando a sua concentração de metano. É uma solução ecológica para a remoção do H2S, que proporciona, partindo de resíduos, a produção do combustível necessário para alimentar, por exemplo, as frotas de veículos das empresas. Por outro lado, ao controlar-se o nível de oxigénio em contacto com o vinho, o que é possível em várias etapas do processo de vinificação, melhora-se a qualidade dos vinhos e evitam-se contaminações, quer na fase de fermentação, quer na transfega dos vinhos ou na mistura intra-cubas de armazenamento e no próprio engarrafamento dos vinhos. Assim se multiplicam os exemplos de inovação tendo por base a vinha e o vinho, sendo, porém, necessário catalisar nesta dinâmica todos os estratos sociais, numa perspetiva inovadora, sustentável e não desvirtualizadora deste património. É sobre este espaço, a RDD, que nos vamos debruçar, tendo por base um amplo trabalho de campo, que conjugamos com pesquisas documentais e entrevistas a responsáveis de associações de desenvolvimento local e setorial e residentes, para além dos jovens empreendedores e empresários. Lentamente, prepara-se um novo futuro para a RDD.

Palavras-chave: inovação tecnológica; desenvolvimento rural; RDD

 


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