XVI CIGeo - Lisboa 2018, XVI Colóquio Ibérico Geografia / XVI Coloquio Iberico Geografia

Tamanho Fonte: 
IDENTIFICAÇÃO DE PADRÕES DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO AFETADOS PELOS INCÊNDIOS FLORESTAIS EM PORTUGAL CONTINENTAL
Bruno M. Meneses, Eusébio Reis, Rui Reis

Última alteração: 2018-06-06

Resumo


Os incêndios florestais são eventos responsáveis por grandes transições de uso e ocupação do solo (Maia, Pausas, Vasques, & Keizer, 2012; Oliveira, Pereira, & Carreiras, 2012). Estes eventos são frequentes no território português (Meneses, Reis, & Reis, 2018) e, em alguns casos, catastróficos, destacando-se a perda de vidas humanas, danos materiais (onde se inclui a perda de grandes extensões de floresta) e os impactes ambientais. Face a esta problemática neste território, esta investigação tem por objetivo determinar os locais com maior probabilidade de ocorrência de incêndios florestais (POIF) bem como os padrões de uso e ocupação do solo mais afetados por estes eventos. A POIF foi obtida cruzando as áreas ardidas entre 1975 e 2017 (1.º semestre de 2017), do qual resultou um mapa (mapa POIF). Observou-se que as ocorrências de incêndios florestais e a extensão de área ardida é muito variável de ano para ano, sendo a sua distribuição espacial condicionada pelo tipo de ocupação do território português. A partir do cruzamento da informação geográfica do mapa POIF com a informação geográfica de uso e ocupação do solo (Carta de Ocupação do Solo: COS 1995, 2007 e 2010) obtiveram-se os padrões de uso e ocupação do solo mais afetados em Portugal continental. Os resultados evidenciam a maior incidência dos incêndios florestais em matos e determinados tipos de ocupação florestal, nomeadamente as matas de Pinus pinaster e Eucalyptus globulus. Contudo, é destacado o aumento de incidência dos incêndios florestais em eucaliptais, dos quais tem resultado grandes extensões de áreas ardidas, podendo esta consequência ser explicada pelo aumento de área com este tipo de ocupação do solo ao longo dos últimos anos (Maia et al., 2012; Oliveira et al., 2012). Quanto à POIF, os três tipos de ocupação anteriormente referidos são os que apresentam a maior probabilidade de ocorrer incêndios florestais, destacando-se os valores mais elevados na ocupação por matos. Os matos são a vegetação que irá surgir nos primeiros anos após o incêndio florestal, ou seja, é um tipo de ocupação que tem aumentado de ano para ano, também agravado pelo abandono agrícola (Ferreira-Leite, Bento-Gonçalves, Vieira, Nunes, & Lourenço, 2016), podendo este aumento explicar também a incidência e o aumento de áreas ardidas de matos. Os resultados obtidos, nomeadamente o mapa POIF, são importantes para o planeamento e ordenamento do território, e constituem uma ferramenta essencial para todos os serviços de prevenção e reação nos incêndios florestais.

É obrigatório um registo no sistema para visualizar os documentos. Clique aqui para criar um registo.