XVI CIGeo - Lisboa 2018, XVI Colóquio Ibérico Geografia / XVI Coloquio Iberico Geografia

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Portugal e Espanha: a encruzilhada migratória
Teresa Rodrigues, Susana Ferreira

Última alteração: 2018-06-06

Resumo


Nesta comunicação analisaremos o impacto dos fluxos migratórios em dois países do Sul da Europa com forte tradição emigrante, que se transformaram em países recetores num momento de profundas alterações nos fluxos migratórios à escala mundial e que foram diferentemente afetados pela crise recente.

No sentido de perceber como as migrações influenciaram de forma diferencial a realidade destes dois países e da importância que terão nos próximos anos, enquanto desafios e oportunidades, a análise incide sobre um período temporal longo, que se inicia em 1990 e se projeta até 2030. Propondo-nos três objetivos: 1) avaliar as atuais dinâmicas migratórias, a sua evolução e possíveis desenvolvimentos; 2) caracterizar o imigrante-tipo, usando indicadores demográficos e informações complementares de caráter socio-económico; e 3) enunciar os desafios e as oportunidades que se oferecem no futuro das dinâmicas migratórias na Península Ibérica, entre os quais as questões de segurança, sobre as quais recai maior atenção na investigação.

A nível metodológico realizamos um conjunto de exercícios de caráter qualitativo e quantitativo, baseado em revisão de literatura, análise demográfica e estatística e cenarização, bem como à consulta por questionário de stakeholders responsáveis pela execução das políticas migratórias vigentes em Portugal e em Espanha.

Os fluxos migratórios partem no contexto ibérico da relação que se cria entre espaços e populações num mundo que se desenvolve a diferentes velocidades e pelo acentuar de desigualdades. Estas últimas são potencialmente geradoras de situações ou de perceções de insegurança global que, no caso concreto das migrações, permitem explicar as diferentes políticas de imigração adotadas pelos países recetores e pela própria União Europeia.

O fenómeno da globalização materializa-se numa crescente mobilidade humana, que questiona o conceito de fronteira e a capacidade dos Estados de gerir estes movimentos. Neste sentido, as migrações internacionais são um dos principais desafios do século XXI (Ferreira, 2015).

O vetor demográfico deve ser entendido como um elemento fundamental no que diz respeito à relação entre população e segurança. Relativamente às dinâmicas demográficas consideramos que serão as características da estrutura etária da população e as migrações internas e internacionais os elementos de principal interesse nessa relação (Rodrigues, 2012).

As migrações são consideradas necessárias e positivas no contexto peninsular, tanto numa ótica estritamente demográfica como relativamente ao seu impacto no tecido económico e social. A partir das conclusões obtidas na investigação desenvolvemos quatro cenários ilustrativos do que pensamos que poderá ser o futuro das migrações no contexto dos diferentes cenários de atuação nos países ibéricos até 2030.

 

BIBLIOGRAFIA

Ferreira, S. (2015). The Mediterranean Dilemma: cooperation in border management? Estudios de Seguridad y Defensa, 6. ANEPE: Santiago de Chile, pp. 141-156.

Rodrigues, T. (2012). O Futuro (in)Certo das Dinâmicas Demográficas em Portugal. Em Lopes, A; Teixeira, N.; Viana, V. (Coord.), Contributos para um Conceito Estratégico de Defesa Nacional, Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, Atena nº 28, pp. 205-230.

Rodrigue, T; Ferreira, S; & García, R. (2015). La inmigración en la Península Ibérica y los dilemas de la seguridad (1990-2030). Madrid: Instituto Universitario General Gutiérrez Mellado.


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