XVI CIGeo - Lisboa 2018, XVI Colóquio Ibérico Geografia / XVI Coloquio Iberico Geografia

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O DESPOVOAMENTO, NA CIDADE E NAS SERRAS: O CASO DO PORTO E DA SERRA DE MONTEMURO E ABOBOREIRA
Ângela Silva, José Rio Fernandes, Pedro Chamusca

Última alteração: 2018-05-29

Resumo


Ao longo das últimas décadas, as dinâmicas demográficas em Portugal são marcadas por uma estagnação do efetivo populacional (a variação foi de apenas 1,99% entre 2001 e 2011), por uma maior concentração da população residente em torno das duas grandes cidades do país (em 2011, 40% da população residia nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto) e por uma redobrada atenção aos problemas associados ao despovoamento. Este processo é especialmente evidente em dois contextos territoriais distintos: i) as freguesias e aldeias dos municípios de média e baixa densidade localizados fora das faixas Braga-Aveiro e Leiria-Setúbal; ii) os centros das principais cidades, que foram perdendo população para os municípios envolventes, aproveitando a facilidade de crédito, um boom construtivo e a melhoria das condições de mobilidade.

No contexto urbano, o esvaziamento dos centros manifesta-se não só na saída de residentes e aumento da mortalidade face à natalidade, como na crise do comércio dito tradicional. Depois de vários anos em que as autarquias procuraram encontrar soluções para combater o efeito donut (esvaziamento do centro e crescimento da periferia), o reforço da atratividade internacional promoveu um crescimento da população flutuante (turistas, estudantes, visitantes, …) e uma nova dinâmica económica dos centros de cidade, frequentemente associados a processos de gentrificação habitacional e funcional, turistificação da economia e embelezamento de espaços públicos e privados.

No contexto da baixa densidade, designadamente nas aldeias de montanha, as condições são distintas. Em muitos casos há défices de infraestruturação – porque a dispersão da habitação e a extensão territorial faz aumentar os custos – e uma tendência para a concentração na sede do município. No geral, são aldeias envelhecidas e marcadas por uma condição periférica, com algumas exceções quase sempre associadas à atração de neo-rurais e visitantes, em formas variadas de turistificação, com alteração não apenas da economia, como da imagem e até dos estilos de vida.

Neste artigo pretendemos analisar estas dinâmicas de transformação recente, dando conta das políticas e estratégias que podem estar na base destas dinâmicas, ou que as podem alterar. Nesse sentido, o turismo cultural e urbano e o turismo de natureza e rural serão considerados, tal como os projetos públicos urbanos e rurais, tomando como caso de estudo aldeias das Serras de Marão, Aboboreira e Montemuro e a Baixa da Cidade do Porto, espaços de investigação recente nos projetos “Aldeias de Altitude” e “Chronotope”.


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