XVI CIGeo - Lisboa 2018, XVI Colóquio Ibérico Geografia / XVI Coloquio Iberico Geografia

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ACTIVIDADES SOCIOECONÓMICAS E DESENVOLVIMENTO EM REGIÕES DE FRONTEIRA DA GUINÉ-BISSAU
Fernando Lagos Costa

Última alteração: 2018-06-15

Resumo


COSTA, Fernando Lagos1; NUNES, M. Carmo2; CABRAL, Ana I.R.3

1Instituto Superior de Agronomia, Universidade de Lisboa, Email: flcosta@isa.ulisboa.pt

2 Centro de Estudos Florestais, Instituto Superior de Agronomia, Universidade de Lisboa,

Email: mcnunes@isa.ulisboa.pt

3 Centro de Estudos Florestais, Instituto Superior de Agronomia, Universidade de Lisboa,

Email: anaicabral@isa.ulisboa.pt

Resumo: Em diversos sectores da fronteira da Guiné-Bissau verificam-se deslocações regulares das populações entre os países vizinhos com vista à realização de atividades agropecuárias, comerciais, sociais, étnicas, religiosas ou aquisição de serviços (Arragain e Salliot, 2001; Fanchette, 2001; Tam-Tam, 2009; Tomás, 2010; Dione, 2013). Este estudo tem como objectivo avaliar a importância destas atividades no desenvolvimento das regiões transfronteiriças da Guiné-Bissau, nos sectores norte, com o Senegal, e leste e sudeste com a Guiné-Conacri. Para tal, foi recolhida informação socioeconómica in situ e realizados inquéritos nas regiões fronteiriças, de forma a analisar as condições de aquisição de bens e serviços e avaliar quais os motivos das deslocações populacionais entre países limítrofes. Paralelamente, foram efectuados registos de tráfego em locais seleccionados ao longo das principais estradas internacionais, ponderando as características dos postos fronteiriços, o tipo de rodovia que cruza a fronteira e o meio de transporte utilizado. Os resultados mostram que existe uma grande facilidade nas deslocações transfronteiriças, particularmente devido à grande afinidade étnica, cultural e linguística entre os países vizinhos e à inexistência de acidentes naturais relevantes na linha de fronteira. Estes aspectos associados à atractividade do comércio e dos serviços reflectem-se no desenvolvimento da rede viária e da acessibilidade nas regiões de fronteira (Melo et al., 2006) bem como na frequente mobilidade transfronteiriça das populações. O transporte de mercadorias e o movimento regular de pessoas, são comuns praticamente em toda a linha de fronteira da Guiné-Bissau, embora mais frequentes com o Senegal. Verifica-se que a fronteira no seu conjunto é muito permeável não constituindo uma barreira à circulação de pessoas e bens, mas o volume de mercadorias e os movimentos de populações são particularmente condicionados pelo tipo e qualidade das estradas e a estrutura da rede viária. O Senegal, um dos países limítrofes mais desenvolvidos da região, tem um papel económico mais relevante do que a Guiné-Conacri, polarizando mais deslocações da população da Guiné-Bissau, sobretudo para a aquisição de bens escassos, trocas comerciais a preços mais vantajosos ou procura de serviços específicos ou de melhor qualidade no país vizinho.

Palavras-chave: Regiões de fronteira; Comércio e serviços; Acessibilidade; Guiné-Bissau


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