Última alteração: 2018-06-06
Resumo
Devido a convergência de múltiplas crises – alimentar, ambiental, climática, energética e financeira – emerge em escala global o land grabbing, que se refere a atual expansão da apropriação de terras (trans)nacionais. Como é um processo em expansão, muitos pesquisadores tem se dedicado a entender o processo a partir de distintas abordagens, recortes territoriais e opções metodológicas. Embora seja histórico em toda a América Latina, há questões teóricas pertinentes, pois as análises, muitas vezes, não consideram o processo histórico da formação territorial da América Latina e do Paraguai. A partir da análise de diferentes pesquisas sobre o referido processo e da realidade paraguaia, identificamos elementos necessários para entender o land grabbing. Dentre estes elementos, o mais significativo é que o objetivo do land grabbing não é apenas a expansão da apropriação de terras (trans)nacionais, mas sim o controle do território através de diferentes estratégias, com o objetivo de acumular capital em um contexto de crise de sobreacumulação (Harvey, 2003). O controle deve considerar o território como multidimensional e multiescalar, pois frequentemente as pesquisas compreendem o território apenas como extensão e não como território de vida e portador de outros recursos. Este trabalho tem como objetivo realizar uma contribuição teórica sobre o controle do território, identificando elementos, tendências e particularidades do processo na América Latina e Paraguai. Para atingir estes objetivos, utilizaremos como procedimentos metodológicos a realização revisão bibliográfica sobre o tema em diferentes escalas; trabalhos de campo no Paraguai; construção de entrevistas com movimentos sociais e órgãos do governo paraguaio. Como principais resultados destacamos que o controle do território paraguaio se dá exclusivamente pelo capital estrangeiro, no qual podemos identificar três fases ao longo da história, todas em consonância com os ciclos de acumulação do capital propostos por Arrighi (1996), sendo: 1) 1870 até a década de 1950; 2) meados da década de 1950 até 1990; 3) final da década de 1990 até os dias atuais. Cada uma destas fases apresentam impactos e formas de resistências distintas. Atualmente, o Paraguai apresenta a maior concentração de terras no globo, há a expansão do agronegócio frente a retração da agricultura camponesa, gerando insegurança alimentar, não realização da reforma agrária e agricultura sem camponeses.
Palavras-chave: controle do território; reforma agrária; resistência.