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O litoral é amplamente reconhecido como um território perigoso já que, para além dos processos normais da dinâmica litoral, ocorrem também fenómenos hidrodinâmicos que podem ser considerados perigosos. De entre eles destacam-se a erosão costeira e as inundações súbitas provocadas por temporais, storm surge e tsunamis. A eles se associam os efeitos do atual período quente (período quente moderno), que tem levado a uma subida do nível médio do mar. Neste contexto, os estudos de perigosidade costeira no contexto das alterações climáticas são pertinentes no âmbito do ordenamento do território. A investigação aqui sintetizada pretendeu proceder à avaliação da perigosidade no arco litoral Caparica-Espichel no contexto das alterações climáticas através da adaptação de uma ferramenta de perigosidade - The Coastal Hazard Wheel 3.0 (Appelquist, 2013; Appelquist et al., 2015; Appelquist et al., 2016). A adaptação foi feita para a escala da área de estudo (downscaling), considerando as seguintes variáveis: sistemas litorais frontais, exposição às ondas, amplitude de maré, balanço sedimentar e exposição a temporais. A combinação destas variáveis forma os vários ambientes costeiros frontais. A construção da CHWmf permitiu individualizar 13 ambientes costeiros codificados, com relevante expressão para os ambientes associados a sistemas litorais com duna (44% da linha de costa, 77% dos quais estão degradados, destruídos ou artificializados). Das avaliações de perigosidade que constam na CHWmf destacam-se: 1) 25% da linha de costa apresenta perigosidade muito elevada a inundação associada a temporal (ambientes costeiros PDA-1, PA-1 e PDDes-3), correspondendo às áreas da Cova do Vapor até a Costa da Caparica e a Fonte da Telha; 2) 79% da linha de costa revela uma perigosidade a erosão costeira superior a moderada. Este estudo demonstra a utilidade desta ferramenta na gestão e ordenamento do território.