XVI CIGeo - Lisboa 2018, XVI Colóquio Ibérico Geografia / XVI Coloquio Iberico Geografia

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SAÚDE MENTAL NUM PERÍODO DE CRISE ECONÓMICA: O EFEITO DAS CARACTERÍSTICAS INDIVIDUAIS E AMBIENTAIS NA POPULAÇÃO DA GRANDE LISBOA
Adriana Sofia da Silva Loureiro, Ricardo Almendra, Carla Nunes, Paula Santana

Última alteração: 2018-05-28

Resumo


A saúde mental é uma dimensão intrínseca à saúde que é influenciada por múltiplos fatores, onde se incluem as circunstâncias pessoais dos indivíduos, as suas caracteristicas biológicas/genéticas e do(s) lugar(es) onde nascem e envelhecem.

O principal objetivo deste estudo é analisar a associação entre saúde mental auto-avaliada e as características individuais e ambientais de indivíduos residentes na Grande Lisboa, durante um período de crise económica.

Através de um questionário aplicado em 2014-2015 a 1608 indivíduos residentes em 75 freguesias da Grande Lisboa foram recolhidas informações relativas às características biológicas, socioeconómicas, de comportamento, de estado de saúde e de satisfação com o local de residência. O estado de saúde mental foi avaliado através da escala de saúde mental e vitalidade do instrumento SF-36v2. Dados individuais foram associados à privação socioeconómica das freguesias de residência dos indivíduos (dados censitários) usando modelos de regressão logística binária multinível que permitiram avaliar a associação entre saúde mental e características individuais e ambientais do lugar de residência.

Um pior estado de saúde mental foi significativamente associado à privação socioeconómica do lugar de residência (p <0,001). Essa associação perde importância depois de ajustada pelas características individuais. No modelo final, indivíduos do sexo feminino (OR = 2,55, p <0,001), mais velhos (OR = 1,19, p <0,01), insatisfeitos com a sua área de residência (OR = 1,74, p <0,001), com baixos níveis de capital social de proximidade (OR = 1,63, p <0,01), que não praticam exercício físico (OR = 1,54, p <0,001), com dificuldade em pagar as despesas (OR = 2,70, p <0,001) e mais preocupados com as despesas diárias (OR = 1,47, p <0,01) têm uma probabilidade aumentada de ter pior saúde mental.

Na Grande Lisboa, a privação socioeconómica do lugar de residência contribui para um pior estado de saúde mental, no entanto, este efeito não é relevante após serem consideradas as características biológicas/individuais e as perceções do indivíduo relativas ao seu lugar de residência. Os resultados destacam ainda a importância dos constrangimentos económicos durante o período de crise económica na explicação da pior saúde mental dos indivíduos na Grande Lisboa.

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