Analisando as principais dimensões de inequidades nos sistemas de transportes, elencadas como a exposição aos riscos e poluentes, distribuição do espaço e consumo de tempo, o presente trabalho considera estudos recentes para situar o planejamento cicloviário como ferramenta indutora de cidades socialmente mais justas e ambientalmente sustentáveis. Trata-se de salientar essa modalidade de planejamento apontando seu baixo custo, reduzido impacto no ambiente construído e eficiência no tempo de deslocamento, quando comparada a outros modais, em especial para distâncias curtas. Por outro lado, ao se favorecerem ou priorizarem modos motorizados de deslocamentos, aceitam-se as externalidades ambientais e sociais que recaem sobre os demais modos de transporte. Assim, são gerados argumentos suficientes para se efetuarem mudanças estruturais na lógica de desenvolvimento dos sistemas de transporte, com consequências positivas para todo espaço urbano. A aplicação do conceito de Justiça nos Transportes refere-se à adesão aos princípios de equidade nas condições de deslocamento, que implica num planejamento democrático, focado na população que não tem condições de arcar com os custos diretos do deslocamento motorizado individual, além de ser a parcela sobre a qual mais incidem os custos indiretos.