XVI CIGeo - Lisboa 2018, XVI Colóquio Ibérico Geografia / XVI Coloquio Iberico Geografia

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A INFLUENCIA DA TEMPERATURA NOS INTERNAMENTOS HOSPITALARES POR PERTURBAÇÕES MENTAIS EM LISBOA
Ricardo Almendra, Adriana Loureiro, Giovani Silva, João Vasconcelos, Paula Santana

Última alteração: 2018-06-05

Resumo


Indivíduos com perturbações mentais são frequentemente mais vulneráveis aos efeitos das temperaturas extremas. Há várias décadas que a temperatura é considerada uma condicionante para o agravamento dos sintomas psicóticos centrais, transtornos mentais e perturbações do comportamento.

O objectivo deste trabalho é avaliar o impacto, a curto termo, da temperatura média diária nos internamentos hospitalares por perturbações mentais, na Área Metropolitana de Lisboa, de 2008 a 2014.

Foram utilizados os internamentos hospitalares com diagnóstico principal de perturbações mentais (CID-9: 291-293; 295-298; 300; 3071; 3075; 3078; 303-305; 308-309; 311; 316) ou com causa externa principal de suicídio ou lesão auto-infligida (CID 9: E95). A informação foi disponibilizada pela Administração Central do Sistema de Saúde através da base de dados de internamentos hospitalares. A temperatura média e a humidade relativa são provenientes do NNDC climate data online para a estação de Gago Coutinho. Os dados da concentração de PM10 e O3 foram recolhidos para as estações de fundo da área de estudo. Toda a informação é relativa ao período 2008-2014 e diz respeito a dados diários.

Foi aplicada uma combinação de modelos, quasi-Poisson generalizados aditivos com Distributed Lag Non-Linear Models, para analisar a relação exposição-resposta, com desfasamento temporal entre a temperatura média diária e os internamentos hospitalares por perturbações mentais. O modelo foi ajustado por dia da semana, PM10, O3, humidade relativa, tempo e sazonalidade.

Durante o período em análise, foram registados 30.139 internamentos hospitalares (em média 11,8 internamentos por dia). Utilizando a temperatura mediana como referência (16.8°C), foi encontrado um aumento estatisticamente significativo do número de internamentos a partir do limiar de temperatura de 30ºC, no próprio dia, e 26ºC no lag 0-1 e 0-2. Quando comparado com a temperatura de referência (16.8°C), o Risco Relativo de internamento aos 28.8ºC (percentil 99 da temperatura média diária) foi de 1,26 (Intervalos de confiança a 95%: 1,09 – 1,47).

Em sentido contrário, verificou-se que temperaturas baixas não estão estatisticamente associadas a um aumento significativo do número de internamentos.

Os resultados a que chegámos estão em conformidade com estudos semelhantes, embora noutras localizações geográficas. Pode concluir-se que as temperaturas elevadas se constituem como um factor de risco, aumentando significativamente os internamentos por perturbações mentais. Esta informação será de grande utilidade na gestão dos serviços de saúde.


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