XVI CIGeo - Lisboa 2018, XVI Colóquio Ibérico Geografia / XVI Coloquio Iberico Geografia

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Obesidade infantil nas freguesias urbanas (centrais e periféricas) do município de Coimbra
Margarida Pereira, Cristina Padez, Helena Nogueira

Última alteração: 2018-06-01

Resumo


Enquadramento

Portugal apresenta uma das mais elevadas taxas de obesidade infantil da Europa, o que constitui uma das principais preocupações de saúde pública. A obesidade infantil é particularmente elevada em contextos urbanos. No entanto, o impacto que os territórios urbanizados têm no peso das crianças permanece por esclarecer. Um dos aspetos que poderá determinar o peso das crianças residentes nas cidades prende-se com a perceção de (in)segurança dos pais relativamente à sua vizinhança. Isto porque, perceções de maior insegurança poderão impedir que as crianças brinquem na rua e, desta forma tenham níveis de atividade física baixos e estilos de vida sedentários.

 

Objetivo

O principal objetivo deste trabalho foi analisar qual o impacto que as perceções de (in)segurança dos pais relativamente à sua vizinhança têm no peso das crianças tendo em conta a localização da sua residência (nas freguesias do centro ou periferia urbana).

 

Métodos

Em 2009 foram pesadas e medidas 1493 crianças residentes no município de Coimbra e calculado o seu Índice de Massa Corporal (IMC – peso(kg)/altura(cm)2). Com base no IMC as crianças foram classificadas em “peso normal” ou “obesas” tendo em conta os pontos de corte criados pela International Obesity Task Force, sob orientação da Organização Mundial de Saúde. Os pais providenciaram o nome da freguesia em que residiam assim como o seu próprio peso, altura e escolaridade. Responderam também a um questionário sobre a perceção da sua vizinhança e a prática de atividade física de seus filhos. A amostra foi analisada separadamente, ou seja, os testes de qui-quadrado comparam as proporções de crianças com peso normal ou sobrepeso/obesas primeiramente no grupo residente nas freguesias do centro urbano e de seguida nos residentes na periferia urbana.

 

Resultados

Em crianças que residentes nas freguesias do centro urbano, observou-se maior proporção de obesidade em raparigas, com um baixo nível socioeconómico e cujos pais concordavam plenamente que a sua vizinhança era insegura para caminhar, mesmo durante o dia. Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas nas variáveis analisadas nas crianças que viviam nas freguesias da periferia urbana, com exceção do peso da mãe.

 

Conclusões

Pode-se afirmar que, no geral, a perceção dos pais relativamente ao território de residência, poderá determinar o peso das crianças. Neste estudo, o peso das crianças variou de acordo com o tipo de área de urbana em que residiam (freguesias centrais ou periféricas). Por exemplo, uma proporção significativa de pais de crianças obesas, residentes em freguesias urbanas centrais, percecionaram a sua vizinhança como sendo insegura para caminhar durante o dia. Estes resultados devem ser tidos em consideração no desenvolvimento de estratégias de planeamento urbano saudável, com especial enfoque na criação de cidades “amigas” das crianças.

 

 

Palavras-chave

Obesidade Infantil, Vizinhança, Perceção de Segurança; Freguesias Urbanas

Financiamento

Este trabalho foi financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (PTDC/DTP-SAP/1520/2014 e bolsa de doutoramento SFRH/BD/133140/2017).


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