Última alteração: 2018-10-23
Resumo
O presente artigo objetiva defender uma perspectiva equilibrada de desenvolvimento, advogando por alternativas de desenvolvimento rural centradas no protagonismo da agricultura familiar, reconhecendo a importância da atuação estatal para a reprodução desse segmento social, mas também suas amplas possibilidades de inserção nos diferentes mercados. Argumenta-se que o caminho mais profícuo para um desenvolvimento rural alicerçado na centralidade da agricultura familiar reside na articulação entre Estado e mercados, como vias para a promoção de transformações positivas nos espaços rurais. Processo que pode – e, de certa forma, já o tem sido para o caso brasileiro – estimulado por políticas públicas que articulem essas duas instituições. Para tanto, adota-se uma abordagem teórica pautada em revisão de literatura de referenciais de cunho conceitual e empírico que embasam a compreensão de que o desenvolvimento rural consiste em um processo viável, mesmo sob a lógica macroeconômica atual. Defende-se a possibilidade de utilização, pelas políticas públicas, dos instrumentos oferecidos por essa lógica para construir uma compreensão multidimensional de desenvolvimento rural. Conclui-se que um desenvolvimento rural equilibrado demanda a construção de diretrizes nacionalmente articuladas, sob um viés crítico à estrutura social assimétrica engendrada pela lógica macroeconômica, mas também conectado com as dinâmicas locais. Sobretudo, um desenvolvimento rural capaz de percorrer caminhos múltiplos, adotando estratégias diversificadas e buscando oportunidades de mudança no sistema vigente a partir do seu interior.