No artigo é analisada a “Festa do Vinho e das Vindimas” de Bucelas (Loures-Lisboa), na perspetiva dos seus organizadores. Trata-se de uma carismática festa vínica da “região saloia”, mas relativamente pouco conhecida e procurada fora da região. Esta avaliação surge na sequência de uma recente investigação centrada em artigos de jornais, através da qual foi avaliado o carácter e significado desta festa como oferta turística diferenciadora do distrito de Lisboa, tecidas considerações sobre potencialidades do evento e perspetivas de mudança mais ao encontro do gosto e exigências da sociedade mediatizada em que vivemos.

Sob o ponto de vista teórico, são explorados valores etnográficos, culturais, sociais e identitários que presidem às festas do vinho, na ótica do seu significado como motores de experiências turísticas. Equacionam-se dimensões no plano territorial, nomeadamente significados e implicações da mudança dessas festividades de um palco rural original para um ambiente (peri)urbano. Os valores, os recursos e os territórios-palco das festas bacantes resultam e estimulam políticas de desenvolvimento dos espaços rurais que devem contemplar dimensões ambientais (conservação de ecossistemas e recursos naturais, energias renováveis, agricultura biológica) e culturais (valores do património cultural tangível e intangível). Nesse sentido, é apresentado um enquadramento geográfico da região de Bucelas, enquanto denominação de origem para vinho branco. A perspetiva de que as atividades de produção devem coexistir com atividades de consumo e lazer, e que ambas se potenciam, como tem vindo a ser defendido pela Política Agrícola Comum europeia, preside à conceção de espaço rural multifuncional que aqui se advoga.

Para a construção do artigo, em termos metodológicos foram realizados inquéritos a autarcas, técnicos das Câmaras Municipais e responsáveis pelas Associações Locais envolvidas na preparação do evento.

Em conclusão, o confronto entre as opiniões dos responsáveis sobre as características e potencialidades da “Festa do Vinho e das Vindimas” obtidas através dos inquéritos e as propostas resultantes da bibliografia consultada, servem de baliza a uma discussão mais alargada e fundamentada do que poderá ser feito em termos de programação, gestão de recursos patrimoniais e territoriais, bem como novas formas de promoção, mais abrangentes, direcionadas e apelativas.