XVI CIGeo - Lisboa 2018, XVI Colóquio Ibérico Geografia / XVI Coloquio Iberico Geografia

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Entre as urgências locais e as demandas globais: transformações urbanas nas cidades brasileiras em face da realização dos megaeventos esportivos: Copa do Mundo de Futebol de 2014 e Olimpíadas de 2016.
Olga Lucia Castreghini Freitas-Firkowski

Última alteração: 2018-05-28

Resumo


A inclusão do Brasil no mapa dos megaeventos esportivos no início do século XXI, foi acompanhada de uma grande expectativa acerca da capacidade transformadora que os mesmos promoveriam nas cidades-sedes: 12 em relação a Copa do Mundo de 2014, respectivamente: São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Fortaleza, Natal, Manaus, Brasília e Campo Grande e o Rio de Janeiro, como sede das Olimpíadas de 2016. Promessas de implementação de Grandes Projetos Urbanos, de solução para problemas de mobilidade com a implantação de modernos modais de transporte, de renovação de extensas áreas nas cidades-sedes, de ativação de novos setores de atividade econômica, de construção de arenas multieventos que acolheriam parte das demandas do mercado de eventos no país, de modernização dos aeroportos, foram algumas das intervenções espaciais supostamente duradouras, anunciadas como legados da realização dos megaeventos. Agora que os megaeventos não são promessas de futuro, mas são realizações do passado, entendemos como fundamental um olhar crítico sobre o que restou dessa empreitada, que mobilizou recursos públicos, empresas privadas e sociedade, em torno de possibilidades de mudanças nas principais cidades brasileiras. Para tanto, partimos das reflexões de Harvey (2005) e da teoria dos desenvolvimentos geográficos desiguais, enfatizando questões relativas às políticas urbanas empreendidas pelo poder público, ao processo de mercantilização das cidades e às transformações efetivadas como justificativa para a preparação das respectivas cidades para receber tais megaeventos e inseri-las no mercado global de cidades. Nessa perspectiva, a maioria das obras viabilizadas não foram aquelas demandas pelas urgências da população local (Santos, 1996), mas se vincularam a uma outra lógica, externa e com interesses de poderosos grupos nacionais e internacionais. Para tanto, serão analisados os principais projetos executados e os limites de seu poder transformador e ativador das dinâmicas urbanas. A face da inobservância das urgências locais se revelou, também, nas ações que desconsideram as ocupações previamente existentes nas áreas atingidas pela maioria das obras, o que levou à constituição de movimentos organizados em busca do direito de permanecer nos locais da cidade que marcam sua existência. Assim, objetiva-se refletir sobre as mudanças econômicas e políticas ocorridas nas cidades brasileiras e sobre o aprofundamento do processo de mercantilização, por meio da criação de novas condições para a circulação e reprodução do capital, anunciando um novo padrão de governança urbana neoliberal para alguns e ultraliberal para outros.

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