O estudo trata-se de uma análise da evolução da paisagem dunar no município de Areia Branca (RN, Brasil) ao longo dos últimos 50 anos. Objetiva identificar processos antrópicos e naturais que interferem na evolução dos campos de dunas móveis do município. Os métodos estão relacionados à análise diacrónica da paisagem dunar por meio de produtos de sensoriamento remoto que foram georreferenciados e vetorizados em ambiente SIG. Esta análise foi apoiada por trabalhos de campo realizados nos anos de 2010 a 2018. Os resultados apontam para uma ligeira redução das áreas de dunas no município, ratificando o quadro identificado por Medeiros (2017). Uma análise de pormenor na porção noroeste do município identificou um processo de extinção de dunas barcanóides de relevante interesse ambiental e dotado de valor patrimonial para uso geoturístico (Gray, 2004; Lopes et al., 2012). Este processo está associado à dispersão de Prosopis juliflora abundantes na área de estudo (Medeiros et al., 2018) e tende a provocar uma descaracterização geomorfológica que interfere no equilíbrio ambiental e paisagístico local. A extinção dessas dunas, do ponto de vista local, tende a interferir nas relações de identidade e pertencimento, típicas do lugar em sua concepção puramente geográfica (Cruz, 2003). Percebe-se a necessidade de estudos mais detalhados para compreender melhor as possíveis consequências desse processo, no que respeita às alterações geomorfológicas; do ponto de vista de aproveitamento geoturístico; e, ainda, quanto às relações identitárias e de pertencimento ao lugar, que ora se transforma e tende a se consolidar como uma paleopaisagem (Barros, 1999). Por fim, podem-se apontar estratégias visando a uma melhor gestão do ambiente e da geodiversidade do município, quanto ao uso geoturístico das dunas móveis, objetivando minimizar impactes ambientais e potencializar a geoconservação da paisagem dunar.

PALAVRAS-CHAVE: dunas móveis; paleopaisagem; geoturismo; geoconservação.