A abordagem da evolução urbana de uma cidade, contexto de estudos de Geografia Histórica Urbana, compreende a verificação de processos de formação histórico-geográfica de seu tecido, em determinada porção do espaço que ela passou a ocupar ao longo de um dado período, reportando-se, assim, a uma geografia do passado. Esta pesquisa partiu da seguinte questão: até que ponto a análise espacial do urbano pode revelar o comportamento de sistemas de objetos e ações, no contexto da formação de porção de uma cidade em determinada escala de espaço e de tempo? O objetivo deste trabalho é oportunizar a evolução do espaço urbano da cidade de Olinda, no estado de Pernambuco (Brasil) na faixa litorânea norte e de seu entorno, observando o processo de formação urbana nos anos de 1940. Como metodologia, o estudo diz respeito a uma pesquisa qualitativa, imbuída no método de abordagem dialético e de reunião de métodos de procedimento histórico e cartográfico. O componente teórico que deu suporte à pesquisa, se baseou em reflexões legadas por autores que trabalham com a Geografia Histórica Urbana, tais como Abreu (2000, 2010, 2011), Vasconcelos (1999, 2016), além de Santos (1977, 1994, 1996), para citar alguns exemplos. Isso permitiu a apropriação de tratamento de uma geografia do passado, observando nuanças da evolução do urbano, cuja análise espacial não prescinde de dados históricos, ou seja, temporais. No tocante aos procedimentos metodológicos, esta investigação fez uso, sobretudo, de: 1) pesquisa bibliográfica – fazendo-se uso, sobretudo, de livros da Geografia Urbana e Geografia Histórica Urbana; 2) pesquisa documental – estimulando a visita a instituições de memória, como arquivo público municipal e estadual, bibliotecas, institutos histórico-geográficos etc.; e, mediante necessidades de dirimir algumas dúvidas, 3) pesquisa de campo. Como resultados, infere-se que, do início da primeira metade ao meados da segunda metade da década de 1940, a área, objeto deste estudo, representou um espaço com uma configuração espacial em que elementos da natureza não haviam sido transformados, essencialmente, pelo processo de formação urbana e que esta só ocorreria com mais ênfase, por meio de agentes sociais como o Estado e os envolvidos com o capital imobiliário, após meados da segunda metade da década de 1940, quando surgem os loteamentos aprovados pela municipalidade olindense. Conclui-se, portanto, que a análise espacial de uma cidade, ou de uma área aí inserida, pode ser realizada sem renunciar da categoria tempo.

Palavras-chave: Litoral norte de Olinda (PE-BRASIL). Evolução do espaço urbano. Década 1940.