XVI CIGeo - Lisboa 2018, XVI Colóquio Ibérico Geografia / XVI Coloquio Iberico Geografia

Tamanho Fonte: 
FEIRA DE SANTANA: UM PROCESSO DE METROPOLIZAÇÃO EM CURSO?
Janio Santos

Última alteração: 2018-07-27

Resumo


Analisar a formação de áreas metropolitanas no Brasil e suas novas morfologias é o objetivo deste texto, cujo recorte centra-se na cidade de Feira de Santana, localizada no interior da Bahia. O fito é pensar as mudanças pelas quais essa cidade passou, nas últimas décadas, e refletir sobre até que ponto há indícios de um processo de metropolização em curso. Fundamenta-se nos conceitos de metrópole e metropolização, articulados ao debate sobre região e área metropolitana, e investiga os nexos contemporâneos da urbanização brasileira, cuja base vincula-se ao conjunto de transformações ocorridas em diversas escalas. A noção de região ou área metropolitana não pode dissociar-se dos conceitos de metropolização, em concomitância com a materialização do processo, que é a metrópole, enquanto forma-conteúdo específica. Feira de Santana passou a ser legalmente reconhecida, no Estado da Bahia, como a segunda região metropolitana, constituída por seis municípios e outros dez como parte da área de expansão, ao ter o projeto de lei aprovado, em 2011. O baixo número de municípios com Taxa de Urbanização superior a 50%, a presença significativa de atividades produtivas e, sobremodo, ocupações vinculadas ao setor primário e a dinâmica econômica concentrada no principal núcleo urbano, que é Feira de Santana, abrem brechas para embates sobre a pertinência ou não de considera-la área metropolitana, inclusive nas próprias secretarias de planejamento do estado da Bahia, ainda que, no cotidiano, alguns citadinos feirenses incorporem discursos atinentes à ideia de que vivem em uma metrópole e/ou área metropolitana. Por um lado, ressalta-se que confundir a dinâmica de uma cidade média com a da metrópole é incorrer num erro crasso. Nas áreas com espacialidade metropolitana (independente da institucionalidade) a intensidade do processo, qualitativa e quantitativamente, é tão alta que se estilhaça por parte do seu corolário. Por isso, fora do núcleo central (ou seja, nos demais municípios que compõem a área metropolitana) multiplicam-se novas centralidades, implantam-se equipamentos diversificados, agiganta-se e dispersa o tecido urbano e surgem novos fluxos materiais e imateriais. Concomitantemente, eclodem novas tensões e jogos de poder, oriundos da redefinição de interesses privados, empresariais e fundiários. Por outro, recorda-se que uma metrópole forma-se com base em processos complexos, que devem ser relativizados em relação ao contexto, ao tempo e à formação socioespacial. Ante a diversidade de situações em escala do planeta, ou mesmo em países como o Brasil, quando são investigadas cidades com padrões demográficos entre 500.000 e 1.000.00 de habitantes e com forte dinâmica econômica, parametrizar aquelas que, de fato, evidenciem o fenômeno da metropolização torna-se algo assaz abstruso. No caso de específico de Feira de Santana, a expansão do tecido urbano, sobremodo face a intensificação dos interesses imobiliários; a desconcentração de atividades econômicas industriais e terciárias para cidades circunvizinhas; a emergência de conflitos em áreas limítrofes; e a evidente necessidade de mecanismos de gestão extramunicipal, dentre outros processos, parecem o prenúncio de uma metropolização que está em curso

É obrigatório um registo no sistema para visualizar os documentos. Clique aqui para criar um registo.