XVI CIGeo - Lisboa 2018, XVI Colóquio Ibérico Geografia / XVI Coloquio Iberico Geografia

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ANÁLISE MINUTO-A-MINUTO EM TRANSPORTE COLETIVO NO ACESSO AOS SERVIÇOS DE SAÚDE EM LISBOA
David Sousa Vale, Cláudia Morais Viana

Última alteração: 2018-06-11

Resumo


Na literatura existente a respeito da acessibilidade aos serviços de saúde (SS) [1], esta é reconhecida como um importante elemento de promoção da saúde [2]. Contudo, o foco incide geralmente na acessibilidade por automóvel, ignorando a influência na escolha de outros modos, como o caso do transporte coletivo (TC). Para os residentes em áreas urbanas e suburbanas sem acesso a um automóvel, o TC apresenta-se como a única opção de deslocação disponível.

A fim de garantir que o modo de deslocação não se torne numa barreira que pode ter consequências ao nível de consultas perdidas/remarcadas, compra em tempo útil da medicação prescrita, ou em casos mais graves, inadequado tratamento de doenças crônicas, torna-se fundamental avaliar a acessibilidade dos residentes dependentes de TC aos SS considerando a oferta e frequência do serviço de TC disponível que varia de minuto a minuto [3].

Para a avaliação da influência do TC na acessibilidade aos SS em Lisboa selecionou-se uma amostra de 500 edifícios distribuídos pela cidade. Considerou-se como serviços as farmácias (n=263), os centros de saúde (n=45) e os hospitais públicos e privados (n=24). Para expressar a acessibilidade definiu-se como indicador o tempo de viagem e esta avaliou-se através da contagem do número de serviços alcançados no tempo de viagem máximo definido para cada SS de acordo com a sua área de influência, designadamente 10 minutos para o acesso às farmácias, 20 minutos aos centros de saúde e 30 minutos aos hospitais. Para o cálculo do tempo de viagem em TC utilizaram-se dados General Transit Feed Specification (GTFS) que comportam informação dos horários e viagens dos principais operadores de Lisboa. O tempo de viagem em TC foi estimado com base numa matriz origem-destino, através da extensão Network Analyst do ArcGIS 10.5.1 e com recurso a um modelo automatizado (Toolbox) e a um script (Python).

Quando se analisou o tempo de viagem para todo o dia entendeu-se que, em certas áreas de Lisboa, em determinados períodos do dia, existem desigualdades espaciais no acesso aos SS, especialmente no caso de acesso a farmácias e a centros de saúde. Os resultados evidenciam a relevância que a rede de TC tem na garantia da equidade espacial e social de acesso aos SS, permitindo uma adequada avaliação das (reais) condições de acessibilidade, as quais podem ser melhoradas através do aumento da oferta de TC ou (re)localizando instalações de saúde nos locais com desfavorável nível de acessibilidade.


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