XVI CIGeo - Lisboa 2018, XVI Colóquio Ibérico Geografia / XVI Coloquio Iberico Geografia

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REFLEXÕES SOBRE TURISMO DE BASE COMUNITÁRIA EM UMA COMUNIDADE RIBEIRINHA DA AMAZÔNIA BRASILEIRA: O CASO DE ANÃ NO MUNICÍPIO DE SANTARÉM/PARÁ
Elcivania de Oliveira Barreto, Maria Goretti da Costa Tavares

Última alteração: 2018-06-15

Resumo


Este artigo faz uma abordagem sobre a experiência de turismo de base comunitária desenvolvido em uma comunidade tradicional da Amazônia brasileira, chamada Anã. A comunidade de Anã está localizada no município Santarém, no estado do Pará, dentro da Amazônia brasileira. Na busca de analisar a prática do tbc nesta comunidade, este estudo buscou caracterizar como esta vem ocorrendo na comunidade, bem como identificar se ocorreram implicações sócioespaciais desta prática de tbc em Anã. Diante disso, buscamos dialogar com a teoria da modernização do espaço de Santos (2012a; 2012b 2009; 2008; 2004; 1991), e com a noção uso do território de Santos e Silveira (2008), assim como com autores que debatem sobre os conceitos de TBC e Terceiro Setor, os quais foram fundamentais para auxiliar na compreensão do nosso objeto de estudo. Nossos estudos partem do pressuposto que o turismo de base comunitária, além de se configurar como uma forma de gestão do turismo pelas pessoas do lugar, neste caso pelos comunitários de Anã, este é um contraponto ao turismo convencional, por assim dizer uma racionalidade contra-hegemônica que se dá no tempo presente diante das racionalidades hegemônicas postas pelo turismo convencional. Nesse sentido, além da pesquisa bibliográfica como mencionada anteriormente, realizamos ainda trabalho de campo na comunidade de Anã e na cidade de Santarém, neste que tivemos como instrumento de coleta de dados, roteiros de entrevistas semiestruturas que foram aplicados aos sujeitos da pesquisa, dentre os quais: Representantes da Secretaria Municipal de Turismo de Santarém, Representante da ONG Projeto Saúde e Alegria, e Comunitários de Anã. Destarte, os resultados revelam que o turismo de base comunitária implementado em Anã, sendo entendido como uma contra-racionalidade, até então não se configura como tal, uma vez que a ONG PSA atua com hegemonia em relação ao turismo de base comunitária na comunidade. O que ocorre em certa medida tanto por uma presença ausência, quanto por ausência presente do Estado na comunidade. Além disso, devemos ressaltar as implicações sócioespaciais que este trouxe para a comunidade de Anã, configuradas dentre outros elementos pelos conflitos que surgiram entre comunitários, causados principalmente pela falta de informações sobre o tbc, o que implica diretamente em certo rompimento nas relações sociais nessa comunidade, sendo necessário diante disso, promover um diálogo mais claro e contínuo do desenvolvimento do tbc em Anã.  Contudo, o tbc para os comunitários que estão envolvidos no projeto, se configura como uma possibilidade de desenvolvimento para a comunidade, bem como a possibilidade de permanência e retorno dos comunitários que se deslocaram para a cidade de Santarém em buscas de oportunidade. Decerto, há uma necessidade de um maior envolvido do Estado, seja este em nível federal, estadual e municipal na comunidade, principalmente no que se refere a inserção desta na elaboração de politicas públicas que tangenciam o turismo.

Palavras Chave: Turismo de Base Comunitária, Racionalidade Contra-hegemônica, Comunidade Tradicional de Anã, Amazônia brasileira.

 

 

Referências Bibliográficas

 

SANTOS, M. Metamorfoses do espaço habitado. São Paulo: Hucitec, 1991.

_____________. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. 4 ed. 5 reimpressão. São Paulo: Edusp, 2009.

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______________. Da Totalidade ao Lugar. 1ª ed., 2 reimp. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2012b.

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SANTOS, Milton; SILVEIRA, Maria Laura. O Brasil: território e sociedade no início do século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2008.


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