Última alteração: 2018-06-08
Resumo
Este artigo pretende refletir acerca da relação entre o modernismo, o processo de urbanização e as formas de reprodução do capital, reconhecendo seus limites e apontando possíveis tensões cujo potencial utópico se aproxime de elementos emancipatórios. O movimento do capitalismo é o processo de constituição de modernismo e do industrialismo, como ilustra muito bem Engels em sua obra de juventude. O processo de urbanização completa da sociedade (LEFEBVRE, 1999) apresenta a superação do industrialismo do século XIX e a efetivação das formas modernistas do planejamento. Pretendemos neste artigo apresentar, tendo o modernismo como fundamento vivo, inventivo, criativo do processo de urbanização e generalização do capitalismo como modo de produção material e simbólica da vida moderna, buscando refletir sobre os elementos que o conformam como forma de reprodução das dinâmicas de acumulação do capital e potencial utópico de reflexão sobre nos maneiras de organização, produção e prática descolados das formas cindidas e autonomizadas do capital – Estado e Sociedade Civil, Valor e Valor de Uso, Trabalho e Mercadoria. Assim, consideramos o Modernismo a pulsão de vida/morte da modernidade. A cultura moderna é uma constante revolução nos termos da produção material e espiritual da vida humana, porém, ela é guiada pelas mentes modernizadoras cuja consciência fetichista (MARX, 2013) trata a busca por inovação e perfeição como evolução humana – o modernismo aparece como reverso do caos do capital. Portanto, a superação do capital tem de superar o modernismo, pois este é a forma de ser da cultura do individuo e da vida urbana moderna. Aqui entra a imagem do anjo da história de Benjamin. Toda a riqueza da modernidade aqui apresentada se deu através de relações sociais fetichistas e de dominação. Ainda assim, em meio a cinzas e ruínas, se produziu vida. Tendo como referências as análises de Marshall Berman sobre o modernismo e as formas de planejamento urbano próprias a este período histórico, é possível perceber, analisando as experiências russas e norte-americaas em Berman e os modernismos brasileiros, que as potencialidades do moderno e do urbano estão em um embate dialético e contraditório com as necessidades de acumulação capitalista. Pretendemos, portanto, apresentar esse extenso debate e quais suas consequências para a atualidade da produção do espaço urbano brasileiro e suas dinâmicas de planejamento diante de um capitalismo em crise.
Referências bibliográficas
BENJAMIN, W. Teses sobre o conceito de história. Disponível em: http://mariosantiago.net/Textos%20em%20PDF/Teses%20sobre%20o%20conceito%20de%20hist%C3%B3ria.pdf
BERMAN, Marshall. Tudo que é sólido desmancha no ar. Editora Companhia das Letras, 2013.
ENGELS, F. A situação da classe trabalhadora na Inglaterra. Boitempo, 2008
LEFEBVRE, H. A revolução urbana. Belo Horizonte. Editora UFMG. 1999.
MARX, K. O Capital: Crítica da Economia Política, livro I: O processo de produção do capital. Boitempo Editorial, 2013.
SCHWARZ, R. As idéias fora do lugar. Editora Companhia das Letras, 2014.