XVI CIGeo - Lisboa 2018, XVI Colóquio Ibérico Geografia / XVI Coloquio Iberico Geografia

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PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO E DESIGUALDADE NO SEGMENTO AVÍCOLA
Nivea Muniz Vieira

Última alteração: 2018-06-29

Resumo


RESUMO: Lucas do Rio Verde é um dos municípios que sediam a cadeia carne/grãos da BR- 163, uma das principais vias de escoamento da produção de soja em Mato Grosso, estado brasileiro. A partir dos anos 2000, com a entrada da BRF no município, agricultura e indústria uniram-se em um processo que verticalizou e diversificou a produção. Com um modelo técnico produtivo fundamentado em técnica, ciência e informação, empresas de porte foram atraídas pelas novas escalas de produção e proximidade de matérias-primas. Assim, o objetivo geral desta pesquisa foi analisar o trabalho formal e sua precarização no setor de abate e frigoríficos do segmento avícola da cadeia produtiva carne/grãos na busca por entendê-la no seu funcionamento no Brasil a partir do caso de Lucas do Rio Verde nos anos 2000. As mudanças no trabalho foram articuladas ao nível técnico em um contexto em que se instituíram incrementos de processos migratórios e novas relações de trabalho. Na investigação, as principais fontes de dados foram IBGE, RAIS e dados de trabalhos de campo com destaque para as entrevistas realizadas com trabalhadores da BRF. Trabalho, técnica e espaço foram conceitos essenciais para a análise em um contexto em que a avaliação dos circuitos espaciais de produção e dos círculos de cooperação assumiu fundamental importância. Para isto, embasados, sobretudo, em Milton Santos, utilizamos autores como Júlia Adão Bernardes, Ricardo Antunes, André Gorz e Guy Standing. As reorganizações espaciais alteraram significativamente a vida na cidade, trazendo benefícios e prejuízos aos trabalhadores migrantes advindos das regiões brasileiras Nordeste ou Norte, que atuam como operadores de produção da BRF, massa empregada no setor. Em seus movimentos repetitivos e rápidos, trabalham como máquinas, precisando alcançar altos níveis de produtividade em curto tempo. Os trabalhadores, na maioria das vezes, perdem mais do que ganham, mas prosseguem em uma atuação quase invisível de resistência em uma complexa teia de relações.

 

 

PALAVRAS-CHAVE: Trabalho, Precarização, Técnica, Cadeia produtiva, Circuitos espaciais da produção, Círculos de cooperação.

 

BIBLIOGRAFIA

ANTUNES, Ricardo L. Adeus ao trabalho? Ensaio sobre as metamorfoses e a centralidade no mundo do trabalho. 15ª. ed., São Paulo: Cortez, Editora da Universidade Estadual de Campinas, 2011 [1999].

 

SANTOS, Milton. A Natureza do Espaço: Técnica e Tempo, Razão e Emoção. 4ª edição, São Paulo: Hucitec, 2006 [1996].

 

STANDING, Guy. O precariado: a nova classe perigosa. Tradução Cristina Antunes. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2013 (Invenções Democráticas, V. IV.

 

VIEIRA, Nivea M. O trabalho invisibilizado pela técnica: o segmento avícola da cadeia carne/grãos em Lucas do Rio Verde. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Geografia Humana – USP, São Paulo, 2018. 434f. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8136/tde-25042018-095016/pt-br.php. Acesso em: 10 de mai. de 2018.


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