Tamanho Fonte: 

O trabalho que propomos em apresentação no XVI Colóquio Ibérico de Geografia 2018 foi intitulado de “Conforto Térmico Humano – Caso de estudo Miradouro Nossa Senhora do Monte e Restauradores (Lisboa)” e foi realizado no âmbito da unidade curricular de Climatologia Urbana, do primeiro ano de mestrado em Sistemas de Informação Geográfica e Modelação Territorial aplicados ao Ordenamento, no Instituto de Geografia e Ordenamento do Territorial da Universidade de Lisboa.

Para o desenvolvimento deste trabalho decidiu-se ter duas áreas de estudo distintas, ambas no centro da cidade de Lisboa, sendo elas o Miradouro de Nossa Senhora do Monte que pertence à freguesia de São Vicente e encontra-se a 90m de altitude e a Praça dos Restauradores que pertence às freguesias de Santa Maria Maior e de Santo António, ficando a 23m de altitude. Estes locais são completamente distintos em termos de exposição. O trabalho teve como principal objetivo compreender se a população se sente mais confortável no Miradouro da Nossa Senhora do Monte ou na Praça dos Restauradores e como objetivos específicos perceber quais as condições climáticas que mais contribuem para o conforto térmico da população, averiguar se as respostas obtidas estão em concordância com a PET obtida, comparar as respostas obtidas nos inquéritos, com a temperatura obtida através das fotografias térmicas e compreender se a exposição do local é um fator influente para o conforto térmico da população.

Teve como primeira etapa a realização de 100 inquéritos acompanhados de fotografias térmicas aos inquiridos. Os inquéritos foram baseados nos utilizados anteriormente por Henrique Andrade e Tsu Ping Lin, que se debruçaram sobre um estudo semelhante, e estes foram realizados ao longo de todo o dia. Abordavam temas como características fenotípicas dos indivíduos, o vestuário e opinião sobre as variáveis climáticas no momento. Para obter dados dos elementos atmosféricos locais foram utilizados os seguintes instrumentos: anemómetro térmico, câmara térmica, termómetro de bolbo negro e um termo higrómetro. De seguida procedeu-se ao cálculo da PET (Physiological Equivalent Temperature) através do programa RayMan Pro e posteriormente fez-se a relação entre as temperaturas obtidas das fotografias térmicas.

Por fim, concluiu-se que a PET média foi de 19,4 °C, que através da tabela de Henrique Andrade, que se encontra na sua tese de doutoramento, intitulada Bioclima humano e temperatura do ar em Lisboa (2003) esta transmitiu que a sensação térmica é de “confortável” e um nível de esforço termorregulador é de “ausência de esforço”. Com base nos inquéritos, a população sente-se mais confortável no Miradouro de Nossa Senhora do Monte, onde 94% dos inqueridos responderam sentirem-se confortáveis, ao invés de 87% responderem o mesmo para a Praça dos Restauradores. Com conclusão, relativamente à concordância entre as respostas e a PET, na maioria dos casos ela existe e pode ainda observar-se que quando aumentam as temperaturas faciais, aumenta igualmente o nível de conforto térmico humano do individuo. A exposição é um fator influente e determinante, pois a maior ou menor incidência de sol, influencia o estado psicológico da população, sendo isso mesmo o conforto térmico.