XVI CIGeo - Lisboa 2018, XVI Colóquio Ibérico Geografia / XVI Coloquio Iberico Geografia

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A Amazônia e a Geografia Urbana
Roberta Mendonça De Carvalho

Última alteração: 2018-06-07

Resumo


A Amazônia é uma Floresta urbana (Becker 2013). Em meio a um intensivo processo de perda da sua cobertura vegetal, o espaço urbano requer igual atenção para radiografar o uso do espaço e alterações ambientais, uma vez que, em pouco mais de meio século da política governamental de ocupação quase 80% da população habita áreas urbanas. Neste cenário, não há como desvincular a questão urbana da floresta. A velocidade do crescimento e o aparecimento de novos núcleos urbanos, e as peculiaridades históricas e geográficas da região singularizam esse processo. No estado do Pará, um dos nove estados que compõem a Amazônia Legal Brasileira, 60 novos municípios foram criados entre 1980 e 1997. Teorias clássicas vinculam a expansão urbana a ocupação de áreas agrícolas (Alonso 1977; Turner 1920; Walker 2001), e se concentram em cinco morfologias: dispersão urbana ou chamado sprawl, comum na realidade norte americana e já identificado no restante do Brasil; difusão urbana; soma de novas áreas; tentacular e anéis concêntricos (Japiassú and Lins 2014). Há indicativos de que o processo de urbanização em uma área de fronteira de recursos naturais desafia rótulos e se manifesta morfologicamente complexo, com uma drenagem da população para áreas urbanas à revelia de planejamento e capacidade de absorção de mão-de-obra. Assim, este trabalho tem como objetivo responder as seguintes perguntas: Podemos aplicar as teorias clássicas de urbanização para explicar este processo e sua morfologia? Como podemos classificar o processo de urbanização da Amazônia Brasileira? A cidade de Barcarena, no Estado do Pará, é a área de estudo. Sua população saiu de 20 mil habitantes em 1980 para 190 mil em 2015, e o uso de cobertura do solo da área municipal apresenta alterações morfológicas intensas. Como clássico exemplo do resultado do projeto governamental de “desenvolver” a floresta e torná-la produtiva, Barcarena sedia desde de 1985 o maior polo industrial de alumínio. Imagens de satélites de 1980 a 2018 apontam que a expansão da urbanização independe da ocupação de terras agrícolas, e em morfologia complexa, não se encaixando nos padrões tradicionais. A geografia urbana da Amazônia desafia padrões e inaugura cenários.


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