Última alteração: 2018-06-13
Resumo
O bioma Cerrado, localizado no centro da América do Sul, destaca-se pela sua biodiversidade e endemismo o que é de extrema importância para a conservação ambiental (Haidar, 2015). Além disso, é detentor de 06 das 08 bacias hidrográficas do Brasil. Esse potencial hídrico está relacionado com as características morfológicas específicas de suas plantas, que funcionam como uma esponja captadora de água (Conservação Internacional 2005, Bustamante et al., 2016). O rico abastecimento dos recursos hídricos, associado a clima e relevo, foi responsável pela conversão dos remanescentes de Cerrado em atividades antrópicas. Dentre os usos da terra que podem estar relacionados com essas mudanças, destaca-se o desmatamento intenso, que teve inicio a partir da década de 1970 e se expande continuamente (Silva, 2013). Tal expansão gera impactos ambientais diversos, dentre eles afetam-se a qualidade e volume de água. Nos últimos anos o regime de chuvas e o volume de águas foram alterados significativamente (Da Silva et al., 2013). O aumento do desmatamento é constante e frequente no Cerrado, com taxas que superam aos índices encontrados na Amazônia, uma vez que estes irão se basear na produção de commodities, como a soja por exemplo ( Meister et al., 2017). Visando alcançar uma alta produtividade para a agricultura mecanizada, o uso de pivôs centrais tem sido amplamente utilizados. Essa técnica baseia-se numa alta pressão de uso das águas subterrâneas, que por sua vez, satura o nível dessas águas, prejudicando os lençóis freáticos de forma significativa. E de fato, nos últimos anos, os pivôs centrais tem sido responsáveis pelo comprometimento do abastecimento hídrico, prejudicando principalmente as cidades próximas de suas instalações (Setti et al., 2001). Diante desta problemática o presente trabalho apresenta a expansão dos pivôs em duas regiões do bioma Cerrado, onde se encontram as maiores concentrações desta prática: o Oeste baiano - BA e a região da cidade de Cristalina – GO. Os dados foram gerados a partir da série de imagens do satélite Landsat 5/TM, as quais foram tratadas e manipuladas através de um processo de classificação supervisionada e inspeção visual. Os dados que foram gerados compreendem o período entre 1990 a 2010, com o intervalo de cinco anos. O recorte temporal permitiu analisar a evolução espaço-temporal desta prática, podendo assim, subsidiar estudos posteriores que correlacionem esses dados com os problemas hídricos existentes. Dentre os resultados, destaca-se que em duas décadas os pivôs passaram de 173 para 1.294 no Oeste baiano. Na região de Cristalina a expansão foi 28 para 588 pivôs. A partir dos principais usos da terra presentes nestas regiões, no mesmo período de análise, destaca-se a produção de soja. Tendo em vista que essa produção baseia-se no objetivo de atender ao mercado externo, fica evidente que grande parte dos recursos hídricos do bioma Cerrado foram utilizados em função da demanda para exportação. Com os dados gerados neste trabalho e suas análises iniciais, espera-se contribuir para o desdobramento de outros trabalhos e reflexões sobre a importância do bioma Cerrado em sua totalidade e assim auxiliar na preservação dos recursos hídricos.