Última alteração: 2018-06-01
Resumo
As características socioeconómicas são fundamentais para a definição de vários aspetos da vida individual, desde a saúde à educação, até à sua localização no contexto urbano. Os extratos sociais mais baixos tendem a ocupar localizações menos qualificadas. No entanto, em termos do indicador de caminhabilidade que contempla aspetos de desenho urbano, densidade e acessibilidade, esta assunção nem sempre é verdade.
O objetivo deste artigo é avaliar se a distribuição dos extratos socioeconómicos na Área Metropolitana de Lisboa (AML) está efetivamente relacionada com a qualidade urbana e, por outro lado, se as características de caminhabilidade reforçam essas desigualdades sociais.
A avaliação das características socioeconómicas é feita ao nível da subsecção estatística com base nos dados recolhidos pela INE para a criação da tipologia socioeconómica da AML. A caracterização do ambiente construído é feita tendo como base o conceito de caminhabilidade, considerando aspetos de acessibilidade, diversidade, densidade e desenho urbano. A avaliação é feita para uma área de influência de 500 metros para cada edifício da AML.
Os resultados iniciais denotam, à partida, uma grande distinção entre o centro de Lisboa e a periferia, não só para as questões socioeconómicas, mas também para o indicador de caminhabilidade. Esta diferença é enfatizada pela discrepância de acessibilidade multimodal. Os extratos sociais mais baixos são os mais penalizados pela falta de alternativa ao transporte individual. Os resultados reforçam a importância social da melhoria da acessibilidade ao transporte público para a redução das desigualdades socias com impactos na saúde e bem-estar individual.