Última alteração: 2018-06-15
Resumo
Os estudos da geografia do bem-estar surgiram na década de 70 e estavam associados sobretudo a variáveis económicas. Estas investigações reemergiram no início do século XXI, incluindo variáveis não-económicas, orientadas à realização individual e coletiva no presente e no futuro (p.e., saúde, educação, segurança, ambiente, conciliação entre vida profissional e familiar e participação cívica). A inclusão da saúde, da educação e da segurança nas análises mais recentes do Bem-Estar Social (BES) está focada nos resultados (p.e., esperança de vida e taxa de escolarização) e não o relaciona com outros aspetos socioespaciais a montante que permitem obter tais resultados, como a localização dos Serviços de Interesse Geral (SIG) e respetiva distância aos aglomerados populacionais; os serviços prestados em cada unidade; como os serviços são prestados (presencialmente ou por meios eletrónicos); e a opinião da comunidade sobre os mesmos. O estudo de Tomé (2015) colocou em evidência as assimetrias existentes na oferta e na procura de SIG de educação, saúde, administrativos, justiça e defesa e segurança, em diferentes de territórios de Portugal continental (urbanos, periurbanos e rurais). Esta comunicação é uma reflexão exploratória em torno de como a medição do BES pode ser um instrumento útil para adotar novas abordagens nas políticas públicas de base territorial (designadamente as que se referem aos SIG de saúde, educação e segurança), bem como novos modelos de governação (vertical e horizontal) e de coprodução de políticas públicas, tendo em mente que o território é um elemento diferenciador na oferta e na procura dos SIG. Deste modo, espera-se contribuir com uma reflexão exploratória, que tem como finalidade encontrar (novos) instrumentos e modelos para as políticas públicas de SIG, de modo a reduzir as desigualdades socioeconómicas e as assimetrias territoriais, fomentando comunidades mais inclusivas, coesas, resilientes e sustentáveis social, económica e territorialmente.