XVI CIGeo - Lisboa 2018, XVI Colóquio Ibérico Geografia / XVI Coloquio Iberico Geografia

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GENTRIFICAÇÃO: COMO IDENTIFICAR E EM QUE MOMENTO?
Marina Carreiras

Última alteração: 2018-06-01

Resumo


O conceito de gentrificação tem ganho relevância no atual contexto português. O persistente  problema habitacional na sociedade portuguesa ganha novos contornos aquando da crise económica, das mudanças na lei das Rendas. O mercado habitacional socorre-se de novas estratégias assentes na reabilitação e regeneração urbana, na dinamização do arrendamento habitacional e na procura de novos públicos associados ao turismo. A gentrificação, enquanto processo de recomposição social da população em determinado território decorrente das transformações urbanas ocorridas nesse território, nomeadamente através de operações de renovação e regeneração urbana traduz novas situações de carência habitacional, de limitações no direito à cidade e de desigualdades socioespaciais.

Este artigo procura debater a operacionalização do conceito de gentrificação e algumas das limitações na verificação da ocorrência do processo confrontando dois casos de estudo distintos: um território reconhecido como situação de gentrificação no municipio de Lisboa e outro menos estudado, no município de Oeiras. Como se pode comprovar a ocorrência de gentrificação? Que métodos e instrumentos de recolha de informação podem ser utilizados?

A reflexão apresentada é estruturada em três partes. A primeira incide sobre a componente teórica do estudo: o conceito de gentrificação, a sua complexidade e as possibilidades de comprovar empiricamente a ocorrência de gentrificação. Na segunda descrevem-se os territórios em análise e a metodologia mista a que se recorreu para detecção de evidências que comprovem a ocorrência de gentrificação. O trabalho de campo implica um conhecimento geral destes territórios, da sua história, da evolução dos movimentos migratórios e das dinâmicas urbanas considerando-se as alterações recentes. Esta contextualização é feita através de análise estatística, documental e cartográfica. O trabalho de campo é ainda acompanhado de observação nos territórios em análise, levantamentos fotográficos a confrontar com fotos antigas para verificação e comprovação de alteração do cenário urbano.

Na secção três confrontam-se os resultados obtidos. As análises realizadas possibilitam a discussão em torno da ocorrência ou não de gentrificação nos territórios e das políticas públicas urbanas que potenciaram ou limitaram o processo. Procura-se ainda refletir sobre os métodos de detecção do processo entanto estratégias de mitigação do mesmo. Quando se verifica a ocorrência de gentrificação já é demasiado tarde para impedir o desenvolvimento da mesma? Será legitimo considerar os mesmos métodos de investigação para realidades distintas?

Palavras-chave: Gentrificação; desigualdades socioespaciais; centro histórico; métodos mistos

 

bibliografia

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