XVI CIGeo - Lisboa 2018, XVI Colóquio Ibérico Geografia / XVI Coloquio Iberico Geografia

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Imigração e recomposição demográfica no Alentejo Litoral: o caso de Odemira.
Luís Manuel Costa Moreno, Sónia Alexandra Gaspar Pereira, Ana Isabel Ricardo Pato Estevens, Alina Isabel Pereira Esteves, Jorge da Silva Macaísta Malheiros

Última alteração: 2018-05-30

Resumo


O trabalho que se apresenta pretende contribuir para ilustrar o modo como a imigração tem vindo a adquirir uma função determinante na alteração da composição demográfica de territórios do Alentejo Litoral, em particular do município de Odemira, em Portugal. Mais que isso, com recurso a informação quantitativa e qualitativa, de fontes estatísticas e documentais e de trabalho de campo (entrevistas e inquéritos aplicados a imigrantes e a atores locais), procura-se analisar as causas das alterações verificadas e as especificidades destas quanto à ocupação do território e às condições socioeconómicas da população. Vários estudos têm enquadrado a matéria analisada, em particular os que relacionam o tipo de imigração de motivação económica, dominante no caso, com processos de reestruturação e/ou com o investimento direto estrangeiro desde o decénio de 1980, em diferentes setores, incluindo a agricultura com que se notabilizam partes do Alentejo que analisamos. Sendo um processo característico da globalização empresarial, com incidência em vários territórios da semiperiferia mundial, consideramos especialmente contributos que ilustram territórios mediterrâneos (Berlan, 1986; Spaan et al., 2005; Gertel & Sippel, 2014; Esteves et al., 2017; Corrado et al., 2017; Pereira & Oiarzabal, 2018). Além de outros exemplos no Alentejo Litoral, verificamos em Odemira o importante efeito do investimento de multinacionais do chamado agronegócio no segmento da hortofruticultura, traduzindo-se no recurso a abundante mão-de-obra imigrante. Com prevalência inicial de russos e ucranianos, além de alguns brasileiros, seguiu-se o emprego de búlgaros, moldavos e romenos. Após 2007, e com a crise que se acentuou em 2009-2012, alguma mão-de-obra portuguesa ganha peso, mas são sobretudo os imigrantes asiáticos a suprir as maiores necessidades das empresas, tanto de modo sazonal como, progressivamente, com abrangência anual: primeiro os tailandeses e depois os indianos, nepaleses, bangladeshianos e paquistaneses, além de algumas pessoas de outras origens e nacionalidades. Dominando o sexo masculino, há contudo contextos para a reunificação familiar. Não obstante, situações de exploração laboral e marginalização revelam-se como bloqueios a este processo, assim como tornam complexos os desafios da integração. As conclusões apontam, por um lado, para uma paulatina recomposição demográfica em que ganha peso a dimensão de base estrangeira, sobretudo de imigrantes assalariados dos tipos e proveniências referidos, mas também de outros, como os de origem europeia, embora com marcadas diferenças em termos de padrões de ocupação do espaço. Por outro, suscitam-se interrogações sobre a sustentabilidade de um certo crescimento demográfico de natureza compósita, em função das vulnerabilidades inerentes às condições contextuais (económicas e socioterritoriais) de atração de pessoas do exterior e de fixação / permanência de residentes portugueses.

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