XVI CIGeo - Lisboa 2018, XVI Colóquio Ibérico Geografia / XVI Coloquio Iberico Geografia

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A VALORIZAÇÃO DO PATRIMÓNIO GEOLÓGICO E A SUA RELAÇÃO COM A CULTURA DOS TERRITÓRIOS: O EXEMPLO DO ASPIRING GEOPARK ESTRELA
Emanuel de Castro, Hugo Gomes, Fabio Loureiro, Gonçalo Vieira

Última alteração: 2018-05-29

Resumo


O Geopark Estrela, situado na mais alta montanha de Portugal Continental (1993m), é uma referência do património geológico português, sobretudo no que concerne às marcas da última glaciação, apresentando as mais importantes formas glaciárias e fluvioglaciárias em Portugal, bem como os mais relevantes exemplos de processos periglaciários observados no nosso país. Geologicamente é constituído por uma diversidade litológica assinalável, com destaque para os granitos e as formações metassedimentares com mais de 650 milhões de anos. Neste território estão bem expressas as evidências do metamorfismo de contacto, sendo também uma região estratégica para os recursos hídricos em Portugal, nomeadamente por albergar as nascentes de três importantes rios, o Zêzere, e Mondego e o Alva, que moldam os seus horizontes e a história da paisagem deste Geopark. Todavia, a paisagem deste território candidato a Geopark Mundial da UNESCO, com 2.216 km2, é muito mais do que geologia. Esta Montanha é o reflexo de uma longa evolução cultural, marcada pela adaptação das comunidades a um espaço geograficamente caracterizado pela sua adversidade. A paisagem da Estrela, que hoje observamos, constitui um legado indelével, marcada por uma história, cuja sua tangibilidade é, atualmente, um importante fator de patrimonialização.

Partindo destes pressupostos, os geoparques Mundiais da UNESCO são territórios cuja relevância geológica constitui o ponto de partida para uma estratégia de desenvolvimento sustentável. Através de uma visão holística, pretende-se estabelecer permanentes conexões entre o património geológico e o cultural, numa relação observada pelos mosaicos paisagísticos da Estrela. Esta ligação, muitas vezes umbilical, é visível no aproveitamento do Homem nas suas construções (veja-se o exemplo de Linhares da Beira), nas lendas que se perdem na memória do tempo e nos próprios topónimos que encontramos um pouco por toda a Estrela.

Neste contexto, a diversidade das marcas glaciárias da Estrela, a riqueza do seu património cultural e o carácter cénico das suas paisagens, fazem deste território uma geografia única, cuja abordagem estruturada permitirá a criação de uma marca forte, com potencial turístico e de reconhecido valor patrimonial e cultural. Reconhecer, interpretar e valorizar este património é uma condição sine quo non para um território mais desenvolvido e uma paisagem melhor gerida e planeada. Cabe aos Geoparks Mundiais da UNESCO trabalhar em torno destes elementos e construir novas abordagens de desenvolvimento que coloquem a geologia, a paisagem e a cultura dos territórios no centro da sua identidade. Pretende-se (re)centrar a discussão, em torno do desenvolvimento, naquilo que realmente diferencia as regiões e que promovam uma maior capacidade de atrair mais investimento, mais residente e visitantes, invertendo cenários de baixa densidade, como aqueles que verificamos neste Geopark.


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