XVI CIGeo - Lisboa 2018, XVI Colóquio Ibérico Geografia / XVI Coloquio Iberico Geografia

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A apropriação política dos espaços escolares: uma proposta de pesquisa
Caio Perdomo de Oliveira

Última alteração: 2018-06-16

Resumo


O objetivo deste trabalho é propor uma pesquisa em geografia escolar partindo da percepção que os muros internos das escolas são compostos de cartazes com informes institucionais, trabalhos e intervenções políticas feitas pelos alunos, entendemos que essas intervenções na paisagem escolar são parte de uma prática pedagógica, que parte do corpo discente. A questão principal da pesquisa é: como são feitas apropriações políticas das paisagens correspondentes aos espaços escolares? Questões secundárias: Quais lugares da escola são selecionados para intervir na paisagem e por quê? Qual a escala de impacto os alunos pretendem de alcançar (colegas, funcionários, professores ou direção)? Operacionalizando essa pesquisa o trabalho irá debater sobre os conceitos de espaços escolar, de formas simbólicas e levantará exemplos das apropriações das paisagens escolares, seja por cartazes, banners ou pichações. O espaço escolar é um local delimitado para o exercício da prática educativa, sua infraestrutura é planejada para a utilização de uma cultura escolar, sendo chamada por Ribeiro (2004) de “currículo oculto”, ou seja, a oficialização da construção de um local que participa do processo de educação escolarizada. Esse espaço formal ganha forma em um prédio subdivido internamente em outros espaços (corredores, pátio etc.). Há uma constante dinâmica de produção espacial a dimensão material do edifício escolar e seus utensílios, na dimensão das convivências interpessoais que frequentam a escola (alunos, professores etc.) alterando formas e usos da concretude escolar provocando comportamentos e inserindo cargas simbólicas (SILVA, 2016). O ser humano constrói o espaço geográfico através de diferentes monumentos, desenvolvendo a relação entre cultura e política que transparece de forma material (CORRÊA, 2007) introduzindo “formas simbólicas” (CORRÊA, 2013) na paisagem. Essas intervenções possuem essência política expressando significados que impregnam a paisagem de sentido. Logo, não podemos relegar essas manifestações como recursos estéticos, são agentes reforçando identidades ou geradores de conflitos e fornecendo uma “densidade política” (MANDOKI, 2003), pois, acumulam um peso simbólico diferenciado. Sabendo que a escola possui uma grande importância no desenvolvimento da estruturação identitária dos jovens (CARVALHO, 2002), é nesse espaço que a prática democrática e cidadã de aceitação de posicionamentos diferentes começa justificando o interesse desse trabalho ao defender que as pesquisas sobre os espaços que compõem a infraestrutura escolar não podem ser relegadas pela geográfica, nem pelas práticas docentes.

Bibliografia

CARVALHO, Murilo. A construção das identidades no espaço escolar. In: Revista Reflexão e Ação, Santa Cruz do Sul, v.20, n1, p.209-227, jan./jun.2012.

CORREA, Roberto Lobato. “Formas simbólicas espaciais e políticas”. In.: Conferência - UO, Simpósio de geografia cultura. Buenos Aires, out. 2007.

_______________________, Monumentos, política e espaços. In: Org. CORREA, Roberto Lobato. ROSENAHL, Zeny. “Geografia cultural: uma antologia”. Vol. II. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2013.

SILVA, Alexsander Batista e. A geografia do espaço escolar: Jovem-aluno, práticas espaciais e aprendizagem geográfica. Tese (Doutorado) – Universidade Federal de Goiás, Instituto de Estudos Sócioambientais, Programa de Pós Graduação em Geografia, Goiânia, 2016.

RIBEIRO, Solange Lucas. Espaço escolar: um elemento (in)visível no currículo. In: Sitientibus, Feira de Santana, n.31, p.103-118, jul./dez. 2004.

 


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