XVI CIGeo - Lisboa 2018, XVI Colóquio Ibérico Geografia / XVI Coloquio Iberico Geografia

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MODELAGEM DE SUSCETIBILIDADE ÀS CHEIAS NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MUNDAÚ, BRASIL
Walber Mendes Gama, Eusébio Marques Reis

Última alteração: 2018-06-14

Resumo


As cheias têm aumentado de maneira global em frequência e em duração de 1985 a 2015, com destaque para o ano de 2005, em que se verificou o maior número de ocorrências (Najibi & Devineni, 2017). As cheias têm sido recorrentes em áreas urbanas, cuja impermeabilização crescente proporciona a acumulação do escoamento superficial direto, sendo expectável sua intensificação com as mudanças climáticas (Kundzewicz, 2004; Kundzewicz et al., 2013; Al-Sabhan et al., 2003). De 2005 a 2014 o número de inundações cresceu para uma média de 171/ano, superior a uma média de 127/ano na década anterior (Verwey et al., 2017). No Brasil, a média de eventos de enxurradas aumentou de 227, de 1991 a 2001, para 504 no período de 2002 e 2012 (CEPED/UFSC, 2013). Diante da recorrência dos fenômenos de cheias no território buscou-se obter a suscetibilidade às cheias na bacia hidrográfica do rio Mundaú, situada na região nordeste do Brasil, nos estados de Pernambuco e Alagoas, onde as cheias são recorrentes (Fragoso et al., 2010). Para tanto, utilizou-se o modelo conceitual de suscetibilidade a cheias desenvolvido por Reis (2011), utilizado em diversos trabalhos (e. g. Santos & Reis, 2017). O modelo conceitual identifica os setores da rede hidrográfica com diferentes níveis de susceptibilidade às ocorrências de cheias por um processo representativo do escoamento superficial concentrado acumulativo nos cursos de água, onde a suscetibilidade é classificada de acordo com a intensidade de acumulação resultante da interação das variáveis médias acumuladas (declive, CN – Curve Number e área acumulada) integradas por análise multicritério (AMC). O modelo foi validado ao confrontar espacialmente os 55 casos de registro de cheias com os níveis de suscetibilidade e apresentou, em sua grande maioria, suscetibilidade moderada, elevada a extremamente elevada; a maior acumulação do escoamento concentrado se deu no setor jusante do rio Mundaú com forte potencialidade à propagação de cheias com suscetibilidade extremamente elevada, resultante da confluência de cursos de água importantes, associada a valores elevados de declive e de CN das sub-bacias mais próximas. É este setor jusante que oferece maior perigo às infraestruturas locais e às populações ribeirinhas. Além disso, na região da foz do rio Mundaú a combinação de elevados caudais e a elevação do nível d´água da laguna Mundaú, por influência da maré, pode intensificar o fenômeno de cheias no setor de planície flúvio-lagunar de suscetibilidade extremamente elevada. Portanto, o modelo conceitual de cheias constitui uma peça chave ao identificar os canais de drenagens perigosos à escala da bacia hidrográfica, servindo assim para o gerenciamento dos riscos de cheias na bacia hidrográfica do rio Mundaú.

Palavras chave: Cheias; Suscetibilidade; análise multicritério; bacia hidrográfica do rio Mundaú.

 


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