XVI CIGeo - Lisboa 2018, XVI Colóquio Ibérico Geografia / XVI Coloquio Iberico Geografia

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Discursos e práticas na educação em geografia portuguesa: uma análise das desconformidades entre geografias profissionais e escolares
Maria Manuela Malheiro Dias Ferreira, Manuela Malheiro Dias Ferreira

Última alteração: 2018-06-11

Resumo


Até ao final dos anos 70, a formação de geógrafos em Portugal era assegurada apenas por três instituições de ensino superior (Lisboa, Porto e Coimbra), cujos departamentos tinham estabelecido tradições epistemológicas firmes e reconhecíveis, mas a estrutura dos planos de estudo que cada universidade oferecia era bastante semelhante. Foi um período durante o qual a maioria dos licenciados encontrava facilmente lugares como professores de geografia em escolas.

A partir dos anos 80, devido ao surgimento de novas necessidades sociais e à urgência das autoridades nacionais e locais responderem às novas formas de planeamento do território, que obrigam à aprovação de planos de ordenamento do espaço em todos os municípios, e ao desenvolvimento de SIG, surgem novas oportunidades de trabalho para os geógrafos que implicaram mudanças importantes na formação inicial. Os departamentos de geografia passaram a designar-se por Geografia e Ordenamento do Território, e além dos graus tradicionais em geografia, começaram a oferecer novas licenciaturas em planeamento e organização do espaço, mestrados e doutoramentos nos novos campos de estudo (planeamento e gestão do espaço, sociedade e território, coesão socio-espacial, turismo, riscos e políticas públicas, tecnologias de informação geográfica). Os geógrafos puderam ocupar novos postos de trabalho, principalmente na administração pública local e central. No entanto, os dados recolhidos a partir do recenseamento da população nacional, ou de inquéritos realizados por instituições de formação, mostram que quase 70% de todos os geógrafos portugueses ainda trabalham como professores de geografia em escolas de ensino básico e secundário, embora o ensino da geografia seja garantido por um número crescente de licenciados cuja formação inicial não era dirigida para a profissão docente (Alexandre, 2004; Alexandre, 2013).

Esta comunicação aborda as seguintes questões de investigação:

• De que forma a renovação da geografia académica influenciou a estrutura e os conteúdos do currículo nacional da geografia portuguesa?

• De que modo a geografia escolar aborda tópicos, tais como: planeamento e gestão do espaço, políticas públicas de organização do espaço, riscos e catástrofes, gestão ambiental?

• De que forma a admissão pelo sistema educacional de geógrafos com novos tipos de qualificações, competências e conhecimentos contribui para mudar o ensino da geografia na escola?

A comunicação evidencia a existência de uma lacuna entre a geografia profissional e a escolar devido ao conteúdo do currículo, e da sua filosofia subjacente e que é enfatizada por práticas de ensino bem estabelecidas, das quais um claro compromisso com a ação parece estar ausente.

PALAVRAS – CHAVE

Formação de geógrafos; profissões de geógrafos; ensino da geografia; renovação do ensino básico e secundário.

BIBLIOGRAFIA

Alexandre, F. (2004). Assessing teachers’ practices through standards and the conflict between rational knowledge and beliefs: The case of Portuguese Geography initial teacher training. Comunicação apresentada ao XXX Congresso da União Geográfica Internacional, Glasgow.

Alexandre, Fernando (2013). Formação Reflexiva de Professores e Cidadania Contributo para o Estudo das Práticas de Formação Inicial de Professores de Geografia, Lisboa, Universidade Aberta, Tese de Doutoramento (não publicada).


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