XVI CIGeo - Lisboa 2018, XVI Colóquio Ibérico Geografia / XVI Coloquio Iberico Geografia

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SEVERIDADE DAS CHEIAS NA REGIÃO NORTE DE PORTUGAL, ENTRE 1865 E 2016
Mónica Santos

Última alteração: 2018-05-31

Resumo


As cheias estão entre os riscos naturais que afetam mais pessoas e causam maiores danos. O relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC 2012) mostrou que alguns tipos de eventos extremos, como as cheias, aumentaram em frequência e/ou magnitude. O presente trabalho, tem como objetivo, classificar as cheias na região Norte de Portugal, através da aplicação de um índice de severidade de cheias (FSI), adaptado de Schroeder et al. (2016). O FSI pretende ser uma ferramenta de fácil comunicação e usar uma abordagem alternativa aos métodos de classificação padrão, como o período de retorno. Entre 1865 e 2016, registamos 2318 ocorrências de cheias com danos materiais, na Região Norte. As ocorrências, a partir dos danos materiais, foram classificadas em 5 categorias: desde cheias menores (1) a cheias catastróficas (5). Os resultados mostram que as cheias graves (3) correspondem à tipologia mais frequente, enquanto as cheias catastróficas (5) ocorrem apenas na bacia hidrográfica do Douro. As cheias severas (4) ou catastróficas (5) ocorrem, em média, duas vezes por ano. As ocorrências de cheias são favorecidas pela fase positiva do padrão Atlântico Este (EA) e pela fase negativa da Oscilação do Atlântico Norte (NAO). Além disso, a metade ocidental do Norte de Portugal apresenta maior incidência de ocorrências de cheias devido à maior densidade populacional, especialmente na área metropolitana do Porto, aos maiores valores de precipitação e à presença de áreas de leitos de cheia com maior risco de inundação. A área metropolitana do Porto, concentra 48% de todas as ocorrências, principalmente o centro da cidade do Porto e as áreas ribeirinhas próximas do rio Douro, entre o Porto e Vila Nova de Gaia. A alta densidade populacional e as áreas densamente urbanizadas levam a uma maior exposição ao risco de cheia, enquanto os municípios mais periféricos, com grandes áreas agrícolas/florestais, mostram um menor número de ocorrências. O FSI é uma ferramenta de avaliação pós-evento, baseada nos danos das cheias, para comunicar a magnitude do risco e, pode assim, contribuir para aumentar a consciencialização pública sobre este fenómeno.


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